sábado, novembro 24, 2012

Vanessa Ferreira

Tem 59 anos e trabalha numa dessas lojas que obrigaram os empregados a comparecer anteontem ao trabalho, tal como referi num post anterior. Tal como os colegas, Vanessa não gostou e, então, informou o seu patrão que ia fazer greve; este não teve mãos a medir e chamou a polícia que a avisou que ou ela ia trabalhar ou ia para a cadeia. Diz Vanessa, que ganha $11.90 à hora: “(…) "They pay low wages, then the taxpayers pick up the tab for food stamps and Medicaid. They need to take care of their people. They need to be responsible to their workers." Vanessa adianta, referindo-se aos colegas: They're so scared (…) I couldn't get anybody to join." Vanessa, querida, nunca ouviste falar em “personal responsibility”? Nunca ouviste dizer que nem o governo nem a entidade patronal tem obrigação de cuidar de ti? Nunca ouviste dizer que isso a que te referes só acontece nos “Nanny States of Europe” e que é por isso que eles estão agora cheios de problemas? Nunca ouviste dizer que, se não ganhas o suficiente, que a culpa é tua porque não tens iniciativa e és preguiçosa? Nunca ouviste dizer, “if you don’t like it, leave!”? Isto é pura especulação da minha parte porque não sei nada sobre a senhora, mas será que veio para cá para fugir à crise e viver o “sonho americano”?  
É por estas e por outras que os trabalhadores aqui não protestam; resignam-se e tomam antidepressivos. O que me chamou à atenção nesta notícia foi o nome português da protagonista e o que me levou a escrever este post foi só para dizer a quem estiver com vontade de ir vencer a vida além fronteiras, que não olhem só para o salário; olhem, também, para o custo de vida. A trabalhar 40 horas, $11.90 dá menos de 23 mil dolares por ano, pouco mais de 1900 por mês. Isso pode ser uma pequena fortuna no nosso país, mas aqui não chega. E não pensem que vão ter os mesmos dias de férias, feriados, subsídios ou um Estado Social semelhante ao que deixaram para trás. Façam bem o trabalho de casa e não venham nem às escuras nem à penumbra. Ouve-se sempre falar nos casos bem sucedidos, mas não são os únicos. Este país tem muitas coisas boas, mas não é para fracos. Ah, e já agora, lembrem-se do seguinte ditado: “Life isn’t always greener on the other side of the river.”

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