A crise actual resulta de uma sucessão de bolhas que nunca
explodiram verdadeiramente porque os Estados vieram em socorro dos interesses
privados a pretexto do interesse público, endividando-se de forma
insustentável.
Por detrás da produtividade está uma sociedade inteira com a
sua cultura, história, usos e costumes que se juntam a tecnologias concretas
para gerar determinados resultados.É mais fácil mudar de governo do que de povo.
Se a salvação da Europa passar pela clonagem dos alemães por
parte dos povos do sul, a Europa está perdida.
A Alemanha aproveitou
a fusão entre o Oeste e o Leste para puxar os salários médios para baixo sem
prejudicar a produtividade. Além disso, desde o euro, a Alemanha tem gozado de uma
moeda sub-avaliada em relação ao que seria o Marco, o que lhe permitiu
conquistar quota de mercado aos países do sul e a um grande número de países
terceiros.
A industrialização de uma grande parte do mundo até agora pobre
e rural está a provocar uma redistribuição da riqueza e do poder. Os países de
industrialização mais antiga têm de aceitar as consequências de concorrer com
base nos factores tradicionais de competititvidade ou tentar descobrir novos
factores de competitividade.
A desigualdade na distribuição do rendimento não é um motor
de crescimento mas sim o resultado de um crescimento desequilibrado, antagónico
ao desenvolvimento. A partilha mais justa dos benefícios do crescimento deve
ter um valor em si mesmo.
Na Europa em crise prevalecem mais do que nunca os
interesses nacionais e falar em solidariedade tornou-se infelizmente patético e
inútil.
As alternativas ao programa de ajustamento são a) um milagre
proveniente da economia internacional, b) o fim do euro, c) mais tempo/ajuda
externa ou d) bancarrota e impossibilidade de importar poupança por muitos anos.
Durante uma recessão, os pobres continuam pobres ou ficam ainda
mais pobres, a classe média perde proporcionalmente mais e os ricos ficam ainda
mais ricos.
A classe política parece autista, distante dos reais
problemas da população, impotente para resolver problemas, refém de “soluções técnicas”
homologadas, desprovida de ideologia. A regulação está para o capitalismo como o padre nosso e a avé maria para os pecadores.
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