quinta-feira, setembro 13, 2012

Feliz Aniversário

Nunca me esqueço, avó. Desde que me lembro que me lembro deste dia. Hoje, basta fechar os olhos para a ver sempre bem disposta e com um sorriso nos lábios a assobiar aquelas  valsas de Viena e a cantar o meu chapéu tem 3 bicoso passarinho da ribeiraa samaritanaos fados do Menano (entre outros de Coimbra) com o seu sotaque madeirense ... enquanto aturava as minhas traquinices, rabinices e outros caprichos de criança  - sem nunca fazer queixa à minha mãe.

Lembro-me muito de si, sobretudo nos momentos mais dificeis ou quando as coisas não correm bem. Lembrei-me muito de si anteontem. Era uma mulher de guerra, que passou por muito, sem nunca perder a boa disposição. Não calcula a influência que teve na minha vida e desculpe o tormento que era para me fazer comer milho frito, sopa ou as papas Maizena ao lanche...

Tenho saudades do seu colo; dos seus abraços; dos seus beijos; do seu olhar cheio de amor ou reprovação (bastava aquele olhar de lado ou por cima dos óculos que estava tudo dito...). Tenho saudades dos seus contos do outro tempo, quando a avó era criança; das nossas caminhadas pelos campos da Camacha no meio de tanto arvoredo, verdura e vegetação (acho que é desses tempos que me vem o gosto por “hiking” no meio da natureza). Tenho saudades de a ajudar a tirar a casca ao grão, às ervilhas e a escolher os melhores grãos de arroz (no tempo em que era tudo comprado fresco e avulso na mercearia da D. Lurdes ou no Mercado ao pé dos Correios) e de depois fazermos umas pegas muito coloridas com as guitas que vinham a amarrar os pacotes. Tenho saudades das nossas conversas e das suas lições que me têm servido tanto na vida.  

Dizem que tenho o seu queixo e testa; gostava de ter a sua presença. Obrigada por me ter criado, pela sua paciência, por todo o amor. Obrigada por tudo. 



You were my sunshine. I love you and miss you.


L. de Nóbrega
13/9/1886 – 13/4/1973




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