Em Milão, Italia,
um policia está a ser tratado como um herói depois de pagar a conta de uma idosa
de 76 anos apanhada a roubar uma caixinha
de “Tic Tac” (umas pastilhas para o mau hálito que há aqui mas que não me
lembro de ver em Portugal) num supermercado.
"Ela estava,
obviamente, muito assustada e tremia como uma folha (...) percebi rapidamente
que ela não era rica, mas uma daquelas pessoas que lutam para que o dinheiro
chegue até à primeira semana do mês."
Este é um relato
de uma realidade triste que se tornou, infelizmente, um pão nosso de cada dia.
Mete raiva. Mas o que me enfurece ainda mais é saber que existem pessoas que
roubam para terem tecto, comida e assistência médica...nem que seja por detrás
de grades. Até quando para
chegarmos à miséria dos dias dos contos de Charles
Dickens ou da pequenita vendedora de fósforos (personagem de Hans
Christian Andersen) livros que me marcaram tanto em criança?
Desesperos
destes, situações destas, metem-me nojo! Há quem me diga para não me preocupar
com os que vivem em situações precárias ou constrangedoras porque, “you can’t
save them all - so for your own sanity you might as well ignore them.” E acho
que é precisamente por isso que casos destes me afectam tanto: detesto sentir
as mãos atadas!
(este link é para
um jornal italiano; como é una lingua che
non parlo, o resumo que fiz veio de um artigo já traduzido para inglês. Que
me perdoe o Melga da outra margem se não estiver bem feito):
1 comentário:
A tua histõria leva-me a coisas que se chamam responsabilidade social, solidariedade ou cidadania. O individualismo não pode significar indiferença relativamente ao que se passa à nossa volta porque "não se pode fazer nada", porque "fica bem no teu cantinho" e "tenta que não te atinja o mal que tocou ao outro". Esse tipo de atitude é típico de feras, de uma sociedade-selva, talvez de "civil rights", mas não de pertença a uma comunidade de pessoas com afinidades, unidas por laços sociais e culturais. São actos de cidadania, mais ou menos políticos, que permitem a participação de cada um em causas colectivas. A participação na vida política que se esgota no voto consiste em delegar integralmente nos eleitos a tarefa de resolver os nossos problemas sociais e os dos nossos semelhantes. Trata-se de uma parte de um contrato democrático que deve incluir outras cláusulas, incluindo a participação directa mediante grupos mais ou menos espontâneos, para além dos partidos, mais ou menos temáticos. Participar na defesa de causas colectivas torna-nos Cidadãos.
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