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Será que estamos perante a luz ao fundo do túnel e que a regulação bancária implementada por FDR para evitar um descalabro semelhante ao de 1929 estará, brevemente, de volta, Ou será ainda cedo demais para deitar foguetes?
A placa "“The Shatterer of Glass-Steagall ”
Pessoalmente, acho que o debate vai continuar mas que nada mudará. Banker’s remorse? Yeah, right, I’ll believe it when I see it! O que pensa o economista residente cá do sítio?
2 comentários:
Regulação seria a fórmula alternativa à nacionalização, permitindo a preservação da propriedade privada da indústria bancária. O problema é que a história se repete, incluindo os excessos de ganância e as políticas falhadas para os eliminar ou moderar (suponho obviamente que a ganância é um factor incontornável de produção de lucros, sobretudo nessa indústria). Há uns dias falei com um colega que está a estudar estes assuntos por conta de um banco central. Disse-me que é absolutamente incrível a semelhança dos problemas e dos termos do debate actuais relativamente ao que se encontra nos arquivos que ficaram dos anos 1930. Portanto, é muito provável que, no meio de múltiplos lobbies e louváveis intenções de defesa do interesse público por parte das autoridades, sejam decididas piedosas medidas para refrear os ditos excessos, como por exemplo: separação entre banca comercial e de investimento, supervisão comportamental e prudencial mais apertada, rácios mais elevados de capitalização e liquidez. Tudo isso durará o que durará, terá cirúrgicas ambiguidades que permitirão aos mais criativos contornar as regras e depois volta tudo ao mesmo, quando a economia inverter a sua tendência recessiva e a euforia regressar, triunfante.
Piada foi há uns anos, quando "the sky was the limit", a ficção da auto-regulação que, na prática, se traduzia no facto de cada instituição definir as "best practices" para controlar o cumprimento de generosos princípios gerais dos reguladores. Por exemplo, cada banco tinha a possibilidade de avaliar o risco dos seus activos de acordo com sistemas de rating interno e de constituir capital em conformidade. Dado o custo do capital e a obsessão pelo leverage pode facilmente presumir-se que os riscos foram sistematicamente sub-avaliados. Desde os anos 1930 o rácio capital/activo da generalidade dos bancos caiu de forma sustentada e a permissividade da regulação tal permitiu ou incentivou. Auto-regulação foi equivalente a dar uma pistola a um criminoso supondo que a iria colocar religiosamente numa caixa de chocolates.
Dado o interesse público/sistémico da indústria bancária a solução mais radical e definitiva seria a nacionalização. Mas isso poderia significar a substituição de critérios económicos por critérios políticos na tomada de decisões de crédito e de investimento. Noutras palavras, também nesta matéria, não há varinha mágica ou solução perfeita.
Pois é, meu caro, esse teu colega tem montanhas de razão ao afirmar, “que é absolutamente incrível a semelhança dos problemas e dos termos do debate actuais relativamente ao que se encontra nos arquivos que ficaram dos anos 1930.”
A 1ª licenciatura que tirei foi em “Business Administration with a concentration in banking studies” onde aprendi, entre outras coisas, a história da indústria bancária neste país desde a independência e tirei uma cadeira chamada Economics for Bankers. Estávamos, então, na década de 80...e eu trabalhava num banco.
Foi extremamente “interessante” (to say the least...) aprender as causas da Great Depression e as medidas New Deal implementadas por FDR ao mesmo tempo que presenciava (e vivia na pele) o começo da desregulamentação bancária e o debate entre os apologistas de “trickle-down economics, deregulation, privatization and one-stop banking” – os tais “financial supermarkets” de hoje – e os keynesianos que defendiam precisamente o contrário. Também extremamente interessante eram os debates quentes entre os meus colegas que repetiam, autênticos papagaios, as teorias de Ronald Reagan (o Presidente na altura) e o Dr. Huxley, nosso professor de economia, liberal-keynesiano assumido. O que te sei dizer é que todas as previsões do professor se tornaram realidade... (para evitar confusões: quando digo que o meu prof. era “liberal”, não me refiro ao que em Portugal se entende por “liberal” mas sim ao que na América se entende por “liberal” que, por curiosidade, é uma palavra com dois sentidos completamente diferentes).
Quando isto tudo começou, em 2008, ainda pensei que os “todos poderosos” aprendessem alguma coisa com a História, mas qual o quê? Em vez disso continuam os argumentos a favor de auto-regulação, continuam a colocar raposas a chefiar capoeiras e a palavra “nacionalização” tornou-se sinónimo de “socialismo; comunismo; nazismo; fascismo e traição aos valores da Nação” (tudo ao mesmo tempo). É por isso que hoje tenho sérias dúvidas que essas “medidas piedosas para refrear excessos” que mencionas vejam alguma vez a luz do dia, mas, se isso chegar a acontecer, estou plenamente de acordo que “depois volta tudo ao mesmo, quando a economia inverter a sua tendência recessiva e a euforia regressar, triunfante.”
A ganância, os “all-too-powerful lobbyists” ganham sempre. O público tem a memória curta ... and History repeats itself. E assim será até ao fim dos tempos.
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