sábado, julho 21, 2012

E que tal se começássemos a apreciar o que é nosso?

Segue-se um link para um artigo que um americano escreveu para o NYT sobre a capital portuguesa (que, na minha modesta opinião, nem é o melhor que o nosso país tem para oferecer):Como me apaixonei por Lisboa


 Talvez que Lisboa seja a primeira coisa que os estrangeiros associem a Portugal (por razões obvias) mas, a meu ver, o nosso país é muito mais do que a sua capital. Já “no meu tempo” se dizia que “Portugal é Lisboa e o resto é paisagem”, e já no meu tempo achava essa frase um grandessíssimo disparate. Acho ser possível valorizar o que é nosso sem cairmos numa de arrogância, patriotismos, nacionalismos ou húbris tão comum a certos povos - e também não tem necessariamente de ser sinónimo de provencialismo. E quanto ao patrimonio nacional, acho mais importante recuperar (caiar, pintar, limpar, etc.) aquilo que temos do que copiar o que vem de fora.


O que me levou a escrever este post foi a seguinte frase: “(...) one of my new friends (...) was genuinely surprised when I remarked how lovely Lisbon is.” Surpreendido porquê? Lisboa é “lovely”. Portugal inteiro é “lovely” e tem muito para oferecer. Is there room for improvement? Absolutely, mas que tal apreciar o que temos e deixarmo-nos de tanto drama, masoquismo, auto-flagelação, “self-pity” , pode ser? Não quero com isto dizer que auto-critica não seja importante ou saudável, mas tudo tem limites.
Aplaudo as iniciativas de combate à crise mencionadas no artigo  “(...) Portugal’s economic woes (…) have (…) unleashed a creative spirit among its people, who are taking chances, improvising (…) trying to boost tourism.Há sempre luz ao fundo do  túnel. Devemos procurar as oportunidades que (todas) as crises oferecem e ter visão, saúde e boa vontade para mudar o que está mal e precisa de ser mudado. Mas isso requer coragem, optimismo e iniciativa. Então, “the sky’s the limit” – mas só assim.

2 comentários:

Miguel disse...

Um dos grandes problemas das zonas históricas ou mais antigas das nossas cidades e, sobretudo de Lisboa e do Porto, é o estado de degradação em que se encontram edifícios e infra-estruturas, tantos com uma traça única, de interesse arquitectonico e histórico. A tentação dos promotores imobiliários é "deitar abaixo" e construir novo, frequentemente feio e sem qualquer vestígio da memória dos sítios. Renovar mais do que construir é portanto essencial. Mas, isso só é possivel se existirem incentivos a que proprietários e inquilinos se comportem de forma economicamente racional e nos limites das suas capacidades. O Estado tem de regular o mercado de arrendamento, fazendo um compromisso difícil entre legítimos interesses económicos (tipicamente dos proprietários) e justiça social (tendo em conta o elevado número de inquilinos sem capacidade para pagar rendas que possam remunerar os investimentos dos proprietários para preservar e valorizar os imóveis). O ideal seria criar um sistema de apoio às rendas ou à compra das casas pelos inquilinos que minimizasse os abusos que sempre surgem em sistemas de subsídios. Foi recentemente discutida uma nova lei de arrendamento que talvez vá no bom sentido, mas a recessão e a morosidade do mercado do crédito não ajudam neste momento.

Teresa disse...

É pena. Ainda me lembro de nos anos 60 e 70 demolirem uns prédios bonitos mas a cair aos bocados nas Avenidas Sá da Bandeira, Fernão de Magalhães e Rua Antonio José de Almeida para serem substituidos por outros sem nenhum interesse arquitectonico. Já na altura não entendia porque não os tinham renovado em vez de construirem aquelas masmorras sem piada nenhuma.
Não conheço o Porto, conheço Coimbra melhor do que Lisboa e espero que essa nova lei de arrendamento vá, realmente, no bom sentido porque é uma verdadeira pena perder um patrimonio imobiliário tão rico como o nosso.

(estou-me a lembrar da Rua Alexandre Herculano e da zona dos Arcos do Jardim, onde havia prédios antigos e muito bonitos mas, infelizmente, já velhotes e mal cuidados. Espero que não tenham transformado essa zona numa outra Fernão de Magalhães...)

(de qualquer maneira, obrigada pela lição, Miguel)