Já muita tinta correu e
muita lágrima se derramou a propósito de corações partidos e as razões porque
“a coisa nem sempre bate certo”. Desacatos, traição, desilusão, mal-entendidos, ciúmes, sangue
derramado e outros dramas, até parece que a felicidade só é alcançável em
contos de fadas...
Eu (chamem-me ingénua se
quiserem – I don’t care - ) encaro a coisa de uma maneira muito simples:
na base de todas as relações de sucesso (sejam elas de natureza amorosa,
profissional, ou de amizade) acho que tem que haver dois ingredientes igualmente importantes:
respeito mutuo e compatibilidade. Já a sábia da minha avó dizia (e
com “oodles” de razão): “o respeitinho é muito importante; quando falta o
respeito, falta tudo.” Também acho indispensável ter, mais ou menos, a mesma
visão e os mesmos valores - mas não, necessariamente, os mesmos gostos ou
feitios – e imprescindível gostar genuinamente da outra pessoa (como ser humano
que é, independentemente de todos os outros sentimentos) . Acho que só
assim podemos ser completamente honestos uns com os outros e comunicar o que
nos vai na alma sem tentar esconder nada: nem filtros, nem “ares”, nem medo - apenas
uma linha recta do coração à boca. Dou muito, muito,
valor à honestidade.
Acho que as
pessoas são como as peças dum puzzle; enquanto que umas (por mais que se tente)
não encaixam, outras encaixam “mais ou menos” e ainda outras há que encaixam
perfeitamente – formando, assim, “a perfect fit”. Mas nem encaixar
perfeitamente chega (se é que isso existe…) pois, tal como as peças dum
puzzle, não há 2 pessoas completamente iguais – razão porque é muito importante
respeitar as diferenças 1 do outro e muitíssimo importante saber discutir
sempre que haja desacordos e desavenças: sem gritos, berros, amuos ou insultos
(os quais, vendo bem as coisas, não passam de mecanismos de defesa).
Reconhecendo que todos tivemos educação e experiencias diferentes,
reconhecemos que ter perspectivas
diferentes é um dos ingredientes mais importantes numa relação. Mas, para que
isso aconteça, há que respeitar essas diferenças e há que poder viver com elas
(eu, por exemplo, era incapaz de viver com um cobarde que maltratasse animais,
crianças, idosos e outros seres indefesos). E também tenho muita dificuldade em
lidar com gente “arrogante”; admiro muito a humildade, sobretudo quando não há
razão para tal. Igualmente importante é rodearmo-nos de pessoas que nos ajudem a ser o melhor que
podemos ser mas, para que isso aconteça, temos que estar dispostos a mudar as
coisas que não gostamos em nós proprios e a evoluir. Por outro lado, acho que ninguém
tem o direito de querer mudar o parceiro.
Acho uma grandessíssima falta de respeito quando uma pessoa quer mudar
outra sem que esta queira, ou esteja pronta para tal. Por fim, quando as coisas
não correm bem, quando as diferenças são irreconciliáveis, acho que a melhor
solução é fazer as malas – de preferência, com o queixo erguido e uma série de
“lições” na bagagem. Mas para que isso
aconteça é preciso megadoses de coragem e auto-estima.
Esta vida é uma escola, há que
aprender com os erros cometidos e andar para a frente e, por muito dificil que
seja, há que reconhecer que passar o resto dos nossos dias como um gato hirto
pronto a investir, com o coração empedernido e um escudo invisivel à nossa
frente não nos safa da dor porque já passámos e só serve para perdermos novas
oportunidades. E há que ter o coração aberto, pois uma coisa que também já
reparei é que, por vezes, as coisas melhores da vida acontecem quando menos
esperamos, quando não fizemos nada para as procurar – mas para que isso
aconteça é necessário prestar atenção (fazer o que Steve Jobs denominou
“connecting the dots”). E quando as coisas estão bem, há que “regar as flores”
quando não elas murcham. Pensar que o dia de trabalho
acaba quando chegamos a casa é um erro, pois o que vale realmente a pena é o
que dá mais trabalho, o mais difícil de obter: "What we achieve easily, we esteem
lightly" - Thomas Paine.
Infelizmente, voltar atrás é algo
que ainda ninguém inventou, e não é nada agradável chegarmos à meia-idade
arrependidos de certas coisas que deixámos escapar pura e simplesmente por medo
ou porque iria ser complicado. E não deve haver nada pior do que chegar à 3ª
idade com remorços. E não poder
fazer nada.
3 comentários:
Miguel (ou outro leitor blogger que tenha resposta para isto):
Nao sei porque e' que certas passagens aparecem em maiusculas. Para poder colocar acentos e cedilhas, tenho escrito quase todos os posts em Word e depois faco Copy & Paste para o blog. Nem em Word nem na pagina de rascunho o texto aparece em maiusculas, portanto nao compreendo porque e' que isto acontece no blog propriamente dito.
I find CAPS annoying and distracting to the central message and besides, it's analogous to shouting, which is not my intention.
Se alguem souber porque razao isto acontece, agradecia uma explicacao. De qualquer maneira, as minhas desculpas aos leitores,uma vez que berrar esta muito longe de ser a minha intencao.
Temo não ter resposta para o problema técnico das maiúsculas. Não te amofines porque não me considerei "berrado". Julguei apenas que quisesses realçar aquele parágrafo específico. Nada mais.
Quanto ao conteúdo: a questão vem da noite dos tempos e desde que há ligação afectiva entre duas pessoas que possa levar a alguma forma de vida em comum. Acho tratar-se de uma questão de "arte" e não de "ciência", de alquimia e não de química. Mas também de sabedoria, tolerância e auto-conhecimento sobre o que verdadeiramente conta na vida de cada um. O que pode trazer mais equivocos e arrependimentos é a confusão em momentos decisivos sobre as prioridades.
Enfim, nesta como em tantas outras metérias, "só sei que nada sei" e "keep calm and carry on". Nunca fechar todas as portas. Permitir que a vida nos surprenda, sabendo claramente o que não nos interessa.
Pois eu acho que tem tanto de ciência como de arte. Acho que no principio é uma “química inexplicável” (talvez, quem sabe, essa tal química oculta medieval...) mas que, depois, requer muita atenção e “arte”. Isto, claro, se valer realmente a pena, mas não acho assim tão difícil ou complicado como muitos fazem crer. E muito menos impossível.
“O que pode trazer mais equivocos e arrependimentos é a confusão em momentos decisivos sobre as prioridades.”--> para alguns; para outros tratou-se de escolher o caminho mais facil quando deviam ter escolhido o mais gratificante. Mas vai dar tudo ao mesmo: reconhecer, mais tarde ou mais cedo, aquilo a que verdadeiramente damos valor, os elementos mais importantes da nossa vida. Live and Learn.
“(...) sabendo claramente o que não nos interessa” faz-me lembrar a tal frase de Anne Lamott: “You have to make mistakes to find out who you aren’t; you don’t think your way into becoming yourself.” É chato quando nos apercebemos que não podemos voltar atrás e viver as mesmas situações com resultados diferentes - não recomendo remorços a ninguém. No entanto, por muito que isso custe, se alguém me dissesse que teria que passar por toda a porcaria porque passei para chegar, hoje, onde cheguei, voltaria a aceitar o desafio sem pensar duas vezes (por isso é que uma vez escrevi num comentário – acho que no dos anos – qualquer coisa como, “embora não viva nele, no meu caso o outro tempo tem muito a ver com o que sou hoje”. E não trocava isso por nada. Nem pelas enxaquecas e outras maleitas deste corpo perro de meio seculo...
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