Eric Klinenberg é
investigador, sociólogo, professor na universidade nova-iorquina NYU e
escritor. No seu livro mais recente, Going Solo: The Extraordinary Rise and Surprising
Appeal of Living Alone, Klinenberg defende que cada vez há mais pessoas a
viverem sozinhas por opção própria - possibilitando-lhes, assim, vidas mais
enriquecidas do que se não vivessem sós.
Numa altura em que a
população dos países industrializados está cada vez mais envelhecida e em que noticias
de idosos que morrem sozinhos é quase um
acontecimento diário, o titulo do artigo que li na revista Smithsonian foi o
que me chamou a atenção. Confesso não ter esperado concordar com o académico,
mas após ler o artigo até acho que tem pontos bastante validos, tais como: o
facto de uma pessoa viver sozinha não implicar que esteja isolada e que isolação
social não quer automaticamente dizer “problema”, uma vez que também pode ser significado
de “mudança social”: “It
seems to me that this is a social condition that’s here to stay”, diz Klinenberg” - o que só demonstra
que nem tudo é preto ou branco e que existem muitas áreas cinzentas.
Leiam mais aqui: http://www.nyu.edu/ipk/people/eric-klinenberg e aqui:http://www.smithsonianmag.com/science-nature/Eric-Klinenberg-on-Going-Solo.html?c=y&page=1
3 comentários:
Ligo este post ao anterior sobre "pocket neighborhoods". Parece-me ter tudo a ver com a evolução da família como fonte de integração social e de satisfação individual. Nos países industrializados, a família alargada entrou em crise pouco depois da II Guerra, a família nuclear foi-se esgotando com a conquista de cidadania pelas mulheres e a confusão dos homens sobre o seu poder na sociedade e no confronto com as mulheres. O individualismo e a liberdade foram-se impondo levando ao sacrifício de outros valores. O preço de tudo isso é a solidão, "perfeita" se é voluntária e interrompida por convívios "à la carte", penosa se é sofrida e se leva pura e simplesmente ao esquecimento. Os pocket neighborhoods parecem-me uma reprodução soft da família, uma mitigação de solidões mais ou menos voluntárias ou sofridas. No fim de tudo isto o que conta é que as pessoas são inevitavelmente seres sociais e que o conceito de comunidade ou pertença a um tecido social com o qual se partilham valores e aspirações está em crise. As pessoas transformam-se em objectos de "civil rights", o que já não é mau, mas que é demasiado pobre para gerar sociedade. Algumas escapatórias são as afinidades desportivas ou religiosas ou os hobbies, mas que se esgotam rapidamente e mantém as relações numa superficialidade higiénica, útil para quem desistiu de arriscar por se ter queimado demais.
Precisamente - por isso e' que resolvi colocar os dois posts ao mesmo tempo.
Gosto desta tua frase:"(...)útil para quem desistiu de arriscar por se ter queimado demais."
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