domingo, junho 03, 2012

Os benefícios (tanto para nós proprios como para a sociedade) em viver sozinho


Eric Klinenberg é investigador, sociólogo, professor na universidade nova-iorquina NYU e escritor. No seu livro mais recente, Going Solo: The Extraordinary Rise and Surprising Appeal of Living Alone, Klinenberg defende que cada vez há mais pessoas a viverem sozinhas por opção própria - possibilitando-lhes, assim, vidas mais enriquecidas do que se não vivessem sós.

Numa altura em que a população dos países industrializados está cada vez mais envelhecida e em que noticias de idosos que morrem sozinhos é quase  um acontecimento diário, o titulo do artigo que li na revista Smithsonian foi o que me chamou a atenção. Confesso não ter esperado concordar com o académico, mas após ler o artigo até acho que tem pontos bastante validos, tais como: o facto de uma pessoa viver sozinha não implicar que esteja isolada e que isolação social não quer automaticamente dizer “problema”, uma vez que também pode ser significado de “mudança social”:  “It seems to me that this is a social condition that’s here to stay”, diz Klinenberg” - o que só demonstra que nem tudo é preto ou branco e que existem muitas áreas cinzentas.

 

3 comentários:

Miguel disse...

Ligo este post ao anterior sobre "pocket neighborhoods". Parece-me ter tudo a ver com a evolução da família como fonte de integração social e de satisfação individual. Nos países industrializados, a família alargada entrou em crise pouco depois da II Guerra, a família nuclear foi-se esgotando com a conquista de cidadania pelas mulheres e a confusão dos homens sobre o seu poder na sociedade e no confronto com as mulheres. O individualismo e a liberdade foram-se impondo levando ao sacrifício de outros valores. O preço de tudo isso é a solidão, "perfeita" se é voluntária e interrompida por convívios "à la carte", penosa se é sofrida e se leva pura e simplesmente ao esquecimento. Os pocket neighborhoods parecem-me uma reprodução soft da família, uma mitigação de solidões mais ou menos voluntárias ou sofridas. No fim de tudo isto o que conta é que as pessoas são inevitavelmente seres sociais e que o conceito de comunidade ou pertença a um tecido social com o qual se partilham valores e aspirações está em crise. As pessoas transformam-se em objectos de "civil rights", o que já não é mau, mas que é demasiado pobre para gerar sociedade. Algumas escapatórias são as afinidades desportivas ou religiosas ou os hobbies, mas que se esgotam rapidamente e mantém as relações numa superficialidade higiénica, útil para quem desistiu de arriscar por se ter queimado demais.

Teresa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Teresa disse...

Precisamente - por isso e' que resolvi colocar os dois posts ao mesmo tempo.

Gosto desta tua frase:"(...)útil para quem desistiu de arriscar por se ter queimado demais."