sábado, maio 05, 2012

Mourinhos e Ronaldos

Nos últimos dias, um grupo de notáveis portugueses juntou-se sob a égide de uma inefável instituição de seu nome COTEC para “puxar pela malta”, para instilar optimismo e confiança num tecido social à beira de um ataque de nervos. Entre os peregrinos entusiastas figuravam criaturas de irrefutável sucesso, doméstico e internacional, como Durão Barroso e Cavaco Silva que, de colarinho desapertado, disseram que a chave da recuperação reside na inovação, no empreendorismo (palavra horrível…) e na criatividade. O super confiante Durão Barroso disse que os portugueses até são bons, mas falta-lhes auto-estima e espírito positivo, e são demasiado discretos, como se tivessem vergonha de ser tão fantásticos. Que devíamos todos pôr os olhos no Mourinho e no Ronaldo, paradigmas do portuguesismo triunfante, nessa arte superior de dar o pontapé na bola.

Lá sermos todos Mourinho ou Ronaldo, sobretudo noutras artes, ainda vá que não vá. Mas ser criaturas de sucesso como Durão Barroso, enfin, ça se discute…

5 comentários:

Teresa disse...

Por razoes obvias, nao posso discutir o sucesso dessa tal criatura que apelidas de Durao Barroso (das “personagens” que mencionas, Cavaco e’ o unico do meu tempo) mas ate concordo quando diz que o mal dos portugueses e’ a timidez e a falta de auto-estima e espirito positivo. Isso e nao darem o valor ao que tem, pensarem que “o que vem de fora” e’ melhor, que os problemas nos outros paises sao menos graves e preocuparem-se demasiado com o que os outros (ler “estrangeiros”) pensam deles.

Ser feliz ou optimista nao e’ sinonimo de “pateta-alegre”, nem o resultado de passar a vida como a avestruz; a meu ver, ser optimista implica reconhecer o que esta’ mal e ter visao e iniciativa para arregacar as mangas e mudar o que nao se gosta. Ser optimista e’ acreditar nas possibilidades e nao passar os dias a sombra da bananeira a deitar as culpas para o vizinho e esperar que alguem nos acuda. Ser optimista e’ a seguinte frase de Bobby Kennedy: “There are those who look at things the way they are, and ask why... I dream of things that never were, and ask why not?” A alternativa (vitimizacao e tendencias para o melodramatico) e’ que nao levam a lugar nenhum. Some food for thought:
“Optimism is one of the cornerstones of success” --> Susan Heathfield, HR consultant
“Perpetual optimism is a force multiplier." --> Colin Powell
"Some folks go through life pleased that the glass is half full. Others spend a lifetime lamenting that it's half-empty. The truth is: There is a glass with a certain volume of liquid in it. From there, it's up to you!" --> Dr. James S. Vuocolo
"When one door of happiness closes, another opens - but often we look so long at the closed door that we do not see the one that has been opened for us." --> Helen Keller
"While we may not be able to control all that happens to us, we can control what happens inside us." --> Benjamin Franklin

(fatalismos, exageros e atitudes de “coitadinhos” foi coisa que sempre me mexeu com os nervos. Acho que e’ por isso que nunca gostei de fadinhos – embora faca excepcao aos fados de Coimbra.)

Miguel disse...

Cara Teresa, este, o anterior e tantos outros comentários que tens feito fazem de ti uma séria candidata a "melga escritora". Teria o maior prazer em contar com a tua participação mais activa, tranformando-te em autora de posts em vez de apenas comentários. Liberdade de expressão seria obviamente a regra de ouro. Qualidade seria um requisito plenamente assegurado :-)

Teresa disse...

Wow, Miguel, you have no idea how much your kind words mean to me – especially considering the source. I’m incredibly flattered but also painfully aware that I will never be able to match your (or Alice’s) writing skills, and the last thing I want is for the quality of the blog to take a nosedive. Blogs mediocres ha muitos – este e’ diferente.

Sabes, ja sao praticamente quatro decadas a comunicar quase exclusivamente em ingles (portugues so com os meus pais e, mesmo assim, e’ uma mistura de palavras – vocabulario que nem sempre vem no dicionario…) de modo que ja tenho que me esforcar muito para me fazer entender. Nao te esquecas que o nivel do meu portugues ficou-se pelo nosso 5º ano; este facto juntamente com os anos que ja la vao, sao responsaveis pelo esforco herculeano que tenho que fazer para me exprimir coerentemente na nossa lingua – sobretudo por escrito. O GoogleTranslate tem ajudado, so que aquilo e’ portugues do Brasil, o que faz com que nao me tire as duvidas quanto a construcao de certas frases e conjugacao de certos verbos; tambem tenho consultado o dicionario Priberam, mas este e’ mais para definicoes/vocabulario.

(o que te sei dizer e’ que as vezes lembro-me da minha professora da 4ª classe, que concerteza ficaria zangada se me fizesse um ditado agora…)

Sinto-me muito mais a vontade a escrever em ingles, mas como este e’ um forum publico portugues, acho que e’ nessa lingua que deve ser escrito. A nao ser que te mandasse textos em ingles (ou mistura de ingles-portugues) para depois traduzires para um portugues “como deve ser” - mas isso implicaria mais trabalho para ti, o que nao acho certo. Alem disso, lembra-te que o meu ingles e’ o americano, em que a ortografia, vocabulario e sintaxe nem sempre coincide com o ingles que nos (e a maioria dos leitores deste forum) ensinaram no liceu – ainda me lembro de ter que “reaprender” muita coisa. E’ como o nosso portugues e o do Brasil; da’ para entender mas nao e’ bem a mesma coisa.

Porem, if there ever comes a time when I feel particularly “inspired”, where can I send a rough draft for you to tweak as you see fit?

Ou melhor ainda: que tal conversarmos mais sobre isto quando eu for ai? Assim que souber os pormenores abro uma conta no Facebook para entrar em contacto contigo, esta bem? Ate la, continua a escrever que eu continuo a ler os teus textos com imenso interesse, agrado e prazer.

Assinado,
melga-escritora honoraria?

(se quiseres publicar um post em meu nome, publica este video – a minha cancao favorita: http://www.youtube.com/watch?v=HPcgM1MnDnI&feature=related)

Miguel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Miguel disse...

As nossas ambições são desmedidas: gostariamos de ser globais no sentido mais qualitativo da palavra. Globalização de cultura e de ideias arejadas só faz bem à civilização, talvez melhor do que a globalização da finança. Podes perfeitamente escrever em inglês ou em português. Acho que (com ou sem "google translator") exprimes muito bem as tuas ideias, também em português, mas se preferes inglês não vejo qualquer inconveniente. Seja como for, o inglês é o verdadeiro esperanto dos tempos pós-modernos e permitirá enriquecer a audiência do blog. O que conta essencialmente é o conteúdo ou orientação das tuas opiniões que, não sendo necessariamente sempre consonantes com as minhas, considero extremamente interessantes porque projectam um olhar diferente sobre as coisas, o olhar de quem tem uma vivência mais larga do que quem se "enrola" em Portugal ou na Europa. Se quiseres, podes mandar as tuas referências ou contribuições para o endereço mianfemor@yahoo.com. Um abraço, Miguel