A vitória de hoje na Taça de Portugal encheu-me de emoção. Não é apenas a vitória de uma equipa de futebol. É a vitória de uma história, de uma cidade, de uma universidade, de um percurso de resistência, de sensibilidade a causas colectivas. Que outra equipa levaria ao estádio nacional enormes bandas a dizer: "Mãe estou desempregado" ou "Menos 11000 bolsas de estudo"? É a consagração de múltiplas memórias, minhas seguramente, de quando ía à bola todos os domingos com o meu pai ver jogar glórias do futebol português como Gervásio, Vitor Campos, Mário Campos, Alhinho, Rui Rodrigues, Maló, Artur Jorge, Toni e tantos outros. De memórias e de um presente de quem passa por Coimbra e de quem vive em Coimbra, de quem nasceu em Coimbra, cresceu em Coimbra ou foi adoptado por Coimbra.
Depois, por detrás deste meu romantismo, também estão jogadores emprestados, comprados, vendidos, hipotecados, orçamentos mais ou menos desequilibrados, dívidas que vão sendo sustentáveis ou sustentadas, etc. Estão seguramente interesses menos platónicos. Mas, se a essas lógicas, a que não resiste o actual futebol de alta competição, se acrescenta um certo pudor e muita paixão para fazer da Académica um estandarte de uma cidade e de uma cultura, teremos talvez de vergar-nos a alguma falta de virgindade.
Depois de tanta racionalização, tenho de confessar que a minha paixão pela Académica é simplesmente isso mesmo: paixão. Nada tem de racional. É tudo emoção. Como deve ser. Talvez também identidade...
GRANDE BRIOSA PARA SEMPRE.
1 comentário:
Ainda bem que a Academica ganhou. E' sempre bom ver-te feliz, Miguel.
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