terça-feira, maio 22, 2012

Atenção: políticos à solta!

Quanto mais conheço os políticos mais desconfio da intervenção do Estado
na economia. Esta afirmação pode surpreender quem me conhece por subentender um liberalismo inusitado. A verdade é que os políticos têm revelado uma
superficialidade ou ignorância irritantes na maneira como gerem os recursos
públicos, como influenciam a vida das pessoas. Funcionam por impulso, seguindo
lógicas que não têm nada a ver com o interesse colectivo. É tal a incompetência,
a vaidade, o narcisismo que chego a duvidar que defendam sequer interesses
particulares de forma eficaz. Actuam muitas vezes como os carneiros, seguindo
instintos ou palpites sem sentido, negando a realidade, criando “realidades” à
sua imagem e semelhança. Agora, a moda parece ser o impulso do crescimento e - vai
daí - põem-se todos a inventar as melhores formas de despejar dinheiro na
economia. Porque sim! Esses excessos de voluntarismo não têm dado bons
resultados, sobretudo se se traduzem em desperdício de recursos, na sustentação
de actividades que não acrescentam valor. Na sequência da crise subprime de
2009, os políticos europeus entraram em histeria, inundando as economias com
projectos de interesse duvidoso porque era preciso estimular a procura,
contradizer o ciclo económico. Passados 3 anos, estamos no meio de uma penosa
crise das dívidas soberanas que os políticos acharam que se deveria debelar através
de uma austeridade cega. Pior a emenda que o soneto! Mas, como se não bastasse,
agora fazem todos (ou quase todos) um coro ensurdecedor, pedindo mais uma vez a
injecção de dinheiro na economia porque é preciso compensar a austeridade com o
crescimento. No mínimo a isto chama-se “stop and go”, políticas pró-cíclicas,
curiosamente o contrário do que se anuncia. Ou é austeridade ou é crescimento.
Não se pode ter chuva na beira e sol na eira. Essencialmente, o que é necessário
é deixar a economia respirar, os agentes económicos ter as vantagens e
inconvenientes das suas decisões, não favorecer certos sectores na base do seu
putativo interesse sistémico. No fim de contas, os países são aquilo que os seus
cidadãos conseguem. Ter um Estado permanentemente a desviar os cidadãos dos
custos ou benefícios das suas decisões autónomas não dá bom resultado a longo
prazo e gera dependências e mordomias. Deixem o ciclo económico evoluir, sem
prejuizo de medidas selectivas que limitem o excesso das tendências. A última moda consiste em promover investimentos... sem agravamento de dívida pública. Milagre! Lá vêm os suspeitos do costume (muitas vezes sem se saber do que se fala exactamente): infraestruturas, redes transeuropeias, economia do conhecimento, PMEs, etc. Meus caros, ou se acha que os empresários são um bando de mentecaptos e patetas ou eles próprios identificarão os projectos mais rentáveis no sítio e no momento certo, sem necessidade da cacofonia ambiente e ainda menos de desperdício do dinheiro dos contribuintes. Lançar investimentos com subsídios para criar supostas externalidades positivas tem dado grande bronca. As auto-estradas, as rotundas, as piscinas e ginásios que ninguém frequenta são uma prova de como se pode estragar dinheiro. Vejo essa bulímia a crescer de novo e sob os mais piedosos motivos, como por exemplo, criar emprego. Quem é que pode estar contra a boa intenção de criar emprego? Mas que se criem empregos úteis, produtivos e duráveis... Deixem as pessoas seguirem a sua racionalidade, exprimir a sua iniciativa. Não embriaguem a malta com dispendiosas histórias da carochinha que fazem inchar, pelas piores razões, o poder e o ego dos políticos de todas as cores e tendências.

1 comentário:

Teresa disse...

http://vimeo.com/9222135