Este raciocínio parece-me só parcialmente correcto. Em
primeiro lugar, porque um dos principais problemas da economia portuguesa é o
endividamento excessivo, o qual, tautologicamente, não se resolve voltando a aumentar
as dívidas dos agentes económicos... Estamos numa fase de desendividamento o
que quer dizer poupar mais para reembolsar passivos do passado. Tão simples
como isso! E pena é que tal se traduza em contracção da actividade económica.
Idealmente o tal aumento da poupança deveria resultar de um aumento da produção
doméstica mais do que proporcional ao aumento da despesa doméstica. Mas, não é
isso que se passa. Está-se a tentar poupar reduzindo a despesa mais do que proporcionalmente
à redução da produção...
Em segundo lugar, seria óptimo promover a produção através
de financiamento de projectos sólidos dos pontos de vista económico e
financeiro. Mas, onde se encontram tais projectos? Realizados por quem? Pelo sector
público não seguramente, que não pode aumentar a dívida no imediato, nem tem uma
estratégia coerente de investimento. Pelo sector privado, também não vislumbro
iniciativas dignas de nota. As famosas PME que salvariam o país do desemprego e
que aumentariam as exportações e substituiram as importações estão asfixiadas
em dívidas e enfermam de proverbiais fraquezas estruturais que não se resolvem
nalguns meses.
Acrescem a tudo isto duas circunstâncias de gestão igualmente
difícil, se de todo possivel, ao nivel nacional: (a) contexto internacional que
determina a procura externa dos bens e serviços domésticos e o comportamento
dos mercados de capitais onde se decide a possibilidade e as condições de um regresso
luso ao financiamento privado externo; (b) expectativas (ou confiança) dos
agentes económicos (sobretudo dos investidores), porque a economia funciona
muito na base de “animal spirits” (sempre Keynes...) ou intuição.
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