segunda-feira, janeiro 30, 2012

Pobrezinhos

Prisões cheias, velhos que apodrecem em casa depois de meses ou anos de abandono e esquecimento, jovens que são convidados a partir, para bem deles e dos poucos que ficam... Isto é uma sociedade que rejeita as pessoas, que as encara como lixo, como distúrbio ou redundância. Isto é um poder que se nega a si próprio porque tenta reduzir o que deveria ser o seu objecto: as pessoas. Talvez seja o reconhecimento puro e simples de impotência perante algum fatalismo da decadência, depois de anos a sonhar alto, a crédito.

Como podemos ser ricos e competitivos com uma produtividade de 67% da média da União Europeia. Como se resolve um problema tão profundo? Não é com austeridade obsessiva seguramente. É mudando de sociedade, de rotinas, de formas de fazer e de pensar. Parece tão dificil com o povo e os dirigentes que temos que a desistência parece a solução mais pragmática. E, salvo melhor opinião, pode mudar-se de governo, mas não se muda de povo nem de país. É o que temos... Falo do Povo, não das excepções positivas ou negativas do Povo. Falo dos grandes números, dessa massa com média e desvio padrão que se move numa determinada direcção colectiva, para a frente ou para trás da História.

De cada vez que tentámos exceder o nosso destino batemos com a cabeça na parede. Povo bipolar. Preparemo-nos, pois, para a tranquila e honesta mediocridade de que se alimentava o salazarismo... pese embora o seu mito colonial, também ele desfeito pela força dos ventos da História. Pobrezinhos mas felizes. E orgulhosamente sós, embrulhados no nosso fado, elevado a Património da Humanidade.

1 comentário:

teresa disse...

que post mais deprimente...