quinta-feira, maio 12, 2011

Soberania

A quantidade e tecnicidade de trabalho a fazer, já nas próximas semanas, para cumprir com o estabelecido no memorando de entendimento com a troika, ainda por cima num momento de transição do governo, torna inevitável o recurso massivo a consultores. De resto, o próprio memorando faz referência a estudos e auditorias em várias áreas a ser executados por peritos internacionais. Espero que o maná de comissões a pagar a todos estes especialistas esteja especificamente coberto pelo valor da “ajuda” acordada...

Não ficaria surpreendido se as agências de rating baixassem de novo a notação de crédito do país unicamente em consequência dos resultados das eleições de 5 de Junho. Aliás, a Standard & Poor’s já disse claramente que um resultado desfavorável à constituição de um governo de maioria estável, empenhado em executar escrupulosamente as medidas do memorando, poderia levar a uma redução do rating, o que, por seu lado, conduziria a mais dificuldades de financiamento alternativo da economia. Ou seja, os cidadãos são encorajados a votar "certo" se não quiserem sofrer ainda mais. Só falta as agências de rating indicarem com o seu proverbial rigor uma tabela com os resultados eleitorais desejáveis. Soberania ? Democracia ? Conceitos redundantes quando falta o dinheiro e mandam os credores internacionais.

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