Quem são os famosos "mercados", os credores externos que deixaram de acreditar na economia portuguesa, que pedem taxas de juro cada vez mais altas, que não perdem a mínima oportunidade para se ir embora, deixando o financiamento do Estado cada vez mais nas mãos do Banco Central Europeu e da exausta poupança doméstica? [Os bancos portugueses têm sido apenas instrumentos de injecção de poupança externa na economia portuguesa.] Trata-se, essencialmente, de companhias de seguros, fundos de investimento, bancos, fundos soberanos, uma grande parte de origem alemã, francesa e britânica. Portanto, se decidirem participar num programa de financiamento excepcional ao Estado português, porventura ao lado do FMI, os chefes de Estado alemão, francês e britânico estarão na prática a dar dinheiro aos portugueses para que eles possam reembolsar as dívidas aos bancos dos seus países. Trata-se, na prática, de mobilizar dinheiro dos contribuintes alemâes, franceses e britânicos para evitar que os seus próprios bancos percam dinheiro com devedores de mais um país perdulário. Portanto, prestamistas imprevidentes serão mais uma vez imunes às consequêcias das suas más decisões, naturalmente por nobres motivos sistémicos.
Disto se continua a alimentar o "moral hazard" dos sistemas financeiros, fabricantes compulsivos de bolhas intermináveis que produzem lucros privados e prejuizos públicos...
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