A vaidade joga-se no terreno do ser e do parecer. Quem duvida do que é, precisa de parecer. Parecer implica aparecer e aqui se manifesta a vaidade. Portanto, a vaidade é, para todos os efeitos, uma demonstração de fraqueza ou de insegurança ou de alucinação ambiciosa. A vaidade é uma estratégia dos fracos, dos inseguros e dos alucinados para se convencerem de que existem, porque os outros os vêem e lhes podem confirmar que, na realidade, fizeram e aconteceram. Distinguiria vaidade de normal reconhecimento, que poderá (deverá) envolver alguma forma de publicidade ou elogio. A vaidade é orquestrada, disputada, invasiva. Agride quem a possa ameaçar, mesmo no reino da pura fantasia. O normal reconhecimento do que se faz é mais concedido do que solicitado ou imposto pelo seu beneficiário. É verdade que numa sociedade de predadores aquilo que chamo de "normal reconhecimento" não é óbvio nem automático porque os vaidosos farão sempre tudo para ultrapassar, com a sua soberba, a natural superioridade de quem realmente faz e acontece, mas não aparece...
A vaidade não é apenas um resultado de fraqueza. A vaidade é fraqueza em si mesmo. Uma pessoa vaidosa perde a noção da realidade e do ridículo, deixa de ver o mundo e as pessoas como são para os ver à sua medida e como meros instrumentos da sua putativa grandeza. A vaidade cega e provoca danos ao próprio vaidoso cujos comportamentos e decisões passam a ter uma grande margem de erro, acumulando lapsos, estigmas e invejas que se pagam mais cedo ou mais tarde.
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