domingo, dezembro 12, 2010

Wikileaks


Wikileaks é uma história sobre os limites da transparência. Sobre a verdade ou a mentira como bens públicos. Sobre o valor absoluto da verdade. Será legítimo guardar informações se, da sua divulgação, resultarem danos para os interesses nacionais, se se colocar em perigo a segurança e a soberania dos Estados? Mesmo se essas informações revelarem a imoralidade, incompetência ou ilegalidade de quem nos governa? Em sociedades democráticas, não terão os cidadãos direito a conhecer os dirigentes que escolhem, as suas motivações, os verdadeiros interesses que defendem, os meios que estão dispostos a usar par atingir determinados fins, por mais louváveis que possam ser? Sempre houve serviços secretos, sempre houve informação reservada, confidencial ou sensível. Não se governa sempre em directo. Os governos devem ter direito a alguma privacidade no momento de preparar as decisões, sem prejuizo de ouvir e consultar a sociedade.

Wikileaks também demonstra a ubiquidade e o esmagamento da informação. Estamos numa sociedade obcecada pela informação, o que não significa uma sociedade mais culta ou criteriosa. Uma sociedade que devora os títulos, que salta de assunto para assunto à velocidade do primir de uma tecla, que se espanta apenas com coisas cada vez mais trágicas e sensacionais. Uma sociedade cada vez mais “informada” mas com menos tempo para pensar e para compreender. Assim, somos presas fáceis de fazedores de opiniões superficiais, vendedores de preconceitos e de estereótipos, de “flashes”. Somos como um rebanho democrático.

Outro aspecto importante da história Wikileaks é a dimensão verdadeiramente global do seu desafio aos governos nacionais, já bastante debilitados por outros poderes, também eles crescentemente globais (basta referir o poder financeiro). Ou seja: Wikileaks é mais uma expressão da atitude global de grupos difusos de resistência ao modelo de sociedade dominante. E faz-me lembrar um livro que li há algum tempo: “The Empire” escrito por Michael Hardt e Antonio Negri, uma espécie de Manifesto Anti-global.

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1 comentário:

Anónimo disse...

*****
Good Job!