A diferença é abismal e crescente... na economia, na cultura, no desporto, na política internacional. Basta comprar o "El Pais" e o "Público", ir a Madrid ou Barcelona e a Lisboa ou ao Porto, entrar numa livraria em Portugal e em Espanha, etc, etc. Os sinais de "ocupação" aumentam... a pretexto de cooperação, de liberdade de circulação de pessoas, bens e capitais. O que não conseguiram pelas armas há 5 séculos, conseguem agora, gradualmente, mas seguramente, através da supremacia na política, na economia, na finança, na arte, na cultura, no desporto.Só mesmo uma identidade muito forte, teimosa e orgulhosa, estrebucha contra a evidência da superioridade do outro lado. Só mesmo uma história, uma cultura, uma lingua irredutíveis tornam impensável uma rendição formal. Mesmo que dela pudessem resultar vantagens materiais (dependendo da maneira como fosse negociada). Andam os governantes a fazer de conta que somos grandes amigos e de que só a mania da perseguição ou um complexo de inferioridade justificam certos medos ou teorias da conspiração. E, portanto, continua a fazer-se de conta que somos "iguais" e que a nossa independência não está em causa e que eles não nos querem prejudicar, que agem da forma mais objectiva (do ponto de vista dos seus legítimos interesses). Mas, a nossa independência está de facto em causa. Falo de independência real mais do que formal. Não tenho a mania da perseguição nem o complexo de inferioridade, mas não sou cego nem ingénuo. E - ainda mais importante - não me parece haver argumentos (que não sejam de simples patriotismo) contra o domínio espanhol.
Portugal torna-se cada vez mais um acidente histórico, um monumento ao Patriotismo, em que ninguém quer perder a face, em que desconfiança, desprezo e medo se misturam com diplomacia, tolerância e condescendência numa geometria variável que tende sempre para o mesmo desfecho: uma gradual submissão.
É neste contexto que se deve situar a luta pela metade da Vivo no Brasil e o acto de desespero que foi o veto do governo mediante a "golden share" na PT. Um entre vários episódios de um conflito de interesses fundamentais entre os dois países que, normalmente, se desvaloriza ou se disfarça para evitar fantasmas que se erguem da noite dos tempos.
1 comentário:
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Tudo isto é lamentável - governos que não governam, poder soberano que se transforma num pequeno miáu, supostos interesses estratégicos decididos pelo capitalismo mais "racional" e despudorado cujo único interesse obviamente é o do dinheiro. O que significa o poder de um pequeno Estado triturado por lógicas financeiras que não conhecem fronteiras. Não quero crer que exista por trás da frieza do dinheiro alguma manobra maquiavélica para tramar Portugal... Não acredito em bruxas, mas que as há, há!
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