domingo, janeiro 03, 2010

Cultura de massa

Antigamente, eramos poucos a gostar de arte e de cultura e a ter dinheiro e tempo para usufruir dos prazeres do espírito. Os sítios bonitos, as obras de arte eram pouco frequentados. De facto, eram frequentados só por nós, a élite, o creme da sociedade e do bom gosto. Havia espaço e tempo para gozar essas preciosidades. Sobretudo, não havia filas intermináveis para entrar em museus, em galerias, em palácios e castelos. Outros tempos em que a aristocracia era verdadeira aristocracia, que não se misturava com a plebe, com a canalha... que tem o espírito nos intestinos.

Agora, não. Veio a democracia, o poder de compra, a classe média (mesmo muito média...), os meios de comunicação de massa, rápidos e baratos. Veio a cultura difusa e rasteira, considerada "bem público", portanto, supostamente acessível a todos, as fornadas de liceais e universitários que julgam conhecer o Renascimento porque foram à Wikipédia pesquisar as palavras "Código Da Vinci". Toda essa gente para quem a cultura se ostenta como os carros de "tunning" ou as malas Louis Vuitton de contrabando, enche agora os museus e as exposições de gritos, suor, correrias e olhares esgazeados. E nós, as pessoas de bem, que sabemos tanto de História da Arte, sentimo-nos ultrajadas e vilipendiadas no meio desses "troupeau de canaille". Devia haver um "numerus clausus" para frequentar certos areópagos da sabedoria, uma espécie de passaporte a que apenas os eleitos teriam acesso depois de passarem um rigoroso exame de boas maneiras, gosto e erudição. Ou então que metam os preços dos bilhetes a níveis consentâneos com um equilíbrio razoável entre oferta e procura e que esqueçam o direito de todos à cultura!
Abaixo a democracia, sistema da banalidade, das médias e das maiorias.
Viva a aristocracia, sistema das minorias de requinte e bom gosto.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tiveste alguma má experiência com essa “troupeau de canaille” nalgum museu ou galeria, foi? Tu tens cá uma piada...