domingo, novembro 15, 2009
Ao domingo no supermercado
Naquele supermercado há para aí umas 10 caixas. Chego com o carrinho cheio de compras e fico surpreendido com a fila em frente a uma delas. Nas outras, estão empregadas a bater com as unhas no balcão, sem fregueses para atender. A razão de tal desequilíbrio é a moça de cor café com leite, sorriso bonito, lábios carnudos e simpatia tropical. Os clientes, quase todos sózinhos, do sexo masculino, vão passando com grandes conversas de circunstância, como se pagar as compras fosse o menos, tentando não passar depressa demais o multibanco pela ranhura da maquineta. Os que se seguem condescendem com essa fartura de conversa porque a vez deles não tarda e, entretanto, podem regalar-se com o rosto achocolatado da rapariga da caixa. Falam do tempo, da conveniência das novas horas de abertura do estabelecimento, das promoções dos sabonetes ou do pó para a máquina. Um homem de uns 60 anos chega ao arrojo de dizer que não há problema em se demorar um pouco mais porque não tem nada para fazer e a companhia é tão jovial... O piropo parece-me um bocado excessivo. E eu, na caixa ao lado, vou-me embora num ápice, cheio da eficácia da empregada pálida de meia-idade que me atendeu sem mais conversa e aturdido pelo valor da beleza e pelas carências dos meus semelhantes, consumidores de supermercado numa manhã de domingo de Inverno, frio e chuvoso.
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