segunda-feira, junho 08, 2009

Eleições europeias

Principais conclusões sobre os resultados das eleições europeias de ontem:

A abstenção tem vindo a aumentar constantemente nas eleições para o Parlamento Europeu. Na Europa: 38% em 1979 / 57% em 2009. Em Portugal: 28% em 1987 / 63% em 2009. Essa tendência revela bem a atitude e a sensibilidade dos cidadãos em relação à unica instituição eleita da União Europeia, diria, em relação à União Europeia em geral.

Os partidos socialistas ou de centro-esquerda perderam em países como Portugal, Espanha, Itália e França, o que demonstra o cansaço dos eleitores em relação à indefinição da esquerda de poder e à sua rendição às políticas de direita, sobretudo em período de crise.

Berlusconi e Sarkozy ganharam e o eleitorado tem seguramente razão. Tem sempre razão, n’est-ce-pas? O povo è soberano… no dia das eleições.

A esquerda populista subiu (casos do Bloco de Louçã e dos Verdes de Cohn-Bendit em França). Considero isso uma fuga desesperada dos eleitores socialistas ao desnorte da chamada esquerda clássica. Mas, esses jovens (trotskistas requentados) tresandam de demagogia e de boas causas. Vivem numa Disneylândia de socialismo utópico.

O PS de Sócrates levou uma valente tareia que não é de bom augúrio para as eleições legislativas que se seguem, mas não me parece correcto extrapolar demasiado à letra estes resultados porque: a abstenção vai ser menor (as legislativas têm outra gravidade), Ferreira Leite não se vai poder esconder por detrás de Rangel, os socialistas vão reagir (sabe deus como…).

A fragmentação do eleitorado irá levar à ausência de maiorias absolutas, o que nos coloca no terreno das especulações em relação à governabilidade do país: PSD+CDS? PS+PSD? PS+BE+CDU? Seja como for, è preferível a precaridade dos compromissos do que a estabilidade do autismo e do voluntarismo cego e dispendioso.

A política, particularmente a doméstica, está cada vez mais rasca, mobiliza e inspira cada vez menos, tem protagonistas de fraca qualidade e sem ideias. As pessoas continuarão a votar, eventualmente, por uma questão de desespero, de raiva, mais do que por convicção. O voto será negativo mais do que positivo. È pena. Faltam ideias novas que ressuscitem a crença num futuro melhor e que libertem as pessoas da fatalidade de putativas soluções técnicas e de quotidianos cinzentos.

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