terça-feira, maio 12, 2009

Tangente

Quando te vejo desamparada nos teus pensamentos
Divagando por meandros improváveis de felicidade
Manietada por algemas do que tem de ser
Com os olhos perdidos em planetas de espuma
Tão longe e tão perto do passado e do futuro
A jogar à cabra cega com o tempo e com o espaço
Dividido entre mundos de papel

Quando te vejo a brincar com as cores do destino
Que podia ser diferente...
(se não fosses tu e os outros)
E te coloco num pedestal de fumo branco
E desapareces por instantes
Num doce mistério

Quando te vejo a fumar ideias insensatas
E te imagino a caminhar lentamente por uma estrada comprida
Ladeada de ciprestes
A tua silhueta que se dilui em colinas mansas de verde
Ao fundo, uma casa sózinha, perdida no horizonte, sem portas nem janelas
Como um jazigo de beleza estonteante

Sorris apenas ou fazes perguntas furtivas
(com medo das tuas próprias respostas)
Porque o que tem de ser tem muita força

“E um dia encho-me da coragem das cores vivas dos meus vestidos e subo à torre da igreja da minha aldeia para gritar que existo e que sou única e que me estou nas tintas para o dever ser qualquer coisa… que não sou eu”

Porque o que tem de ser tem muita força e os sonhos não se compadecem com vidinhas

“Mas, ninguém me agarra dentro de mim e posso ser tudo o que invento, construir o mundo, passear por todas as loucuras, livre”