Os encómios à rainha da Jordânia já tresandam. Tomar a criatura por excelente representante das mulheres árabes, filmar cada centímetro dos vestidos de cores fortes para demonstrar a suprema elegância da personagem, babar-se perante a sua estonteante beleza (“que até faz parar o trânsito”…), concentrar as câmaras no perfil delicado da dita-cuja… basta de tanto deslumbramento pacóvio. A senhora apenas se casou com alguém especial porque tinha uma carinha larocas e um corpinho de se lhe tirar o chapéu. Tem tanto de árabe como a Maria “Silva” tem de elegante. Coitada! A elevação da Sra. al-Yasin ao estatuto do que podiam ser as mulheres árabes é quase um insulto a estas últimas. Ouviram o sotaque com que fala inglês? Tá-se mesmo a ver que aquilo vem das Arábias, do meio do قصبة… Viram a maneira subtil como pisa e a forma composta como sorri? Notaram como não perdeu a oportunidade de cumprimentar as plebeias à entrada da Assembleia da República, que ficaram babadas de tanta real humildade e aos gritinhos de contida histeria, olhando para a fotografia religiosamente guardada no telefone móvel? Give me a break… Que se compre a “Hola” ou a “Caras” para desfrutar destas passerelles, mas que não se gaste metade do Telejornal da televisão pública a contar a história da Cinderella Rania al-Yasin, presumo para melhorar o moral dos indígenas desesperados com a crise. Dêem-lhes outras fantasias, sem embarcar em ficções de maravilha étnica e cultural, de generosidade, solidariedade e diálogo entre culturas e religiões...
Pensando melhor, de facto, na nossa santa terrinha não vejo grande coisa, para além da Catarina Furtado (que Deus nos ajude e perdoe...).
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