É chato envelhecer. Sentir as rugas a cavar-se no corpo, a energia a faltar, coisas que se faziam facilmente e que se tornam verdadeiras conquistas. Os anos passam e durante muito tempo passamos por eles indiferentes, com a doce irresponsabilidade de quem se está nas tintas para o fim, porque ainda há tanto por viver. A morte é uma teoria, uma ficção longinqua, uma coisa incompreensivel que só toca os outros. Até que um dia, uma imagem no espelho, um esforço inglório, uma comparação violenta fazem-nos acordar para a fatalidade do tempo.
Perde-se muito envelhecendo: vitalidade, força física, beleza, ingenuidade, talvez optimismo. Mas, pode ganhar-se a relatividade das coisas, a sabedoria de não correr atrás do que não vale a pena. Alguns nem sequer obtém essa maturidade com os anos. É por vezes patético assistir a autênticos jogos de crianças mimadas ou perversas praticados por velhos. Concorrências espúrias. A velhice que eu gostava de ter implicaria desapego do efémero e do superficial. Implicaria tranquilidade e sobretudo ausência de medo da morte. Estar pronto para morrer serenamente é o zénite da sabedoria. Quem me dera lá chegar. Temo nunca lá chegar...
PS: tenho a certeza que alguém que bem conheço e que me é tão cara me dirá - "lá estás tu com mais uma manifestação de crise de meia-idade"...
3 comentários:
Precisamente! Crise de meia idade aliada à visualização do filme "O estranho caso de Benjamin Button"...
BINGO
ate eu sabia que ela ia dizer isso!!;)
Enviar um comentário