domingo, janeiro 11, 2009

Il Divo

Giulio Andreotti ("il divo") é uma das personagens mais intrigantes e decisivas da política italiana do pós-guerra. Vai fazer 90 anos dentro de pouco tempo e é um autêntico tesouro... do bem e, sobretudo, do mal que percorreu a Itália. Foi Primeiro-ministro e Ministro dezenas de vezes, por muitos anos. Esteve sentado ao lado de Mário Soares no acto de assinatura do Tratado de Adesão de Portugal à CEE em 1986. Suspeita-se do seu envolvimento directo ou indirecto, moral ou material numa longa série de crimes, envolvendo também membros do seu partido, a Democracia Cristã, entretanto dissolvido. Foi tempo de "Tangentopoli", das "Brigate Rosse", do assassinato de Aldo Moro, da loja maçónica P2 e do Banco Ambrosiano, da morte misteriosa de Sindona... A Andreotti nunca chegou o bafo da morte. Foi objecto de vários processos, designadamente, por associação mafiosa mas, por prescrição ou falta de provas, nunca foi considerado culpado. De pequena estatura, cabeça larga, penteado liso para trás, óculos espessos, voz pausada e não muitas palavras, caminhava muitas vezes com as mãos unidas nas costas, vergado para a frente também por causa da sua famosa marreca. Andreotti ficou acima das lutas sanguinárias da Itália dos anos de chumbo, sendo talvez o seu principal protagonista. Celebrizou-se pela sua inteligência, cultura e, acima de tudo, cinismo. Diz que não acredita no acaso, mas apenas na vontade divina e acha que, às vezes, é necessário usar o mal para atingir o bem.

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