quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Política à italiana

Mais ou menos até ao início dos anos 80, o sistema político italiano era centrado em dois pólos: o partido democrata-cristão e o partido comunista (época Berlinguer). Isso não queria dizer, necessariamente, estabilidade, mas existia alguma clareza ideológica. O PC andou muito próximo do poder e as pressões da CIA para impedir um tal cenário chegaram a ser argumento de filmes. O terrorismo das BR (Brigate Rosse) eclodiu também como reacção à imobilidade provocada pelo impasse entre esses dois pólos e à putativa submissão do PC às regras da democracia burguesa. O climax desse contexto foi o assassinato de Aldo Moro em 1978.

Com a queda do Muro e o apogeu de corrupção representado em 1992 por Tangentopoli (nome dado a Milão onde se concentravam as maiores traficâncias, nomeadamente, para financiamento ilícito da democracia-cristã), o sistema "bi-polar" desmoronou-se, dando origem a uma miríade de pequenos partidos onde os barões de outros tempos, da esquerda e da direita, e seus descendentes e acólitos, se tentaram arrumar para recuperar poder e visibilidade. Essa é a situação em que se encontra actualmente a Itália.

O governo Prodi, sustentado por uma escassa maioria no Senado, caiu porque um senhor chamado Mastella, chefe de um pequeno partido de centro (UDEUR), originário da antiga democracia-cristã, que fazia parte de uma coligação de mais de 15 partidos, decidiu bater com a porta porque achou que ele e a mulher, dirigente da região da Câmpania, foram vítimas de uma campanha de difamação (a dita senhora está acusada pela justiça de corrupção...).

O presidente Napolitano ainda tentou nomear um governo de gestão, até se preparar uma nova lei eleitoral que permitisse maior estabilidade política (basicamente, tratar-se-ia de introduzir um sistema proporcional para retirar aos pequenos partidos o poder excessivo de que gozam actualmente). Mas, Berlusconi que controla os media e que as sondagens dão como vencedor nas eleições com o actual sistema, disse que não. A sua impaciência para voltar ao poder não tem limites e, como no passado, está mais preocupado em defender os seus próprios interesses do que os da Itália e em criar leis que o imunizem da justiça. E vai daí, novas eleições vão ser convocadas para meados de Abril, após menos de 2 anos de governo Prodi...

1 comentário:

Luís Lourenço disse...

Gostei muito do vosso blog.

Boa sorte!

PS: Passem pelo meu blog se tiver pouco que fazer... Porque de certeza que vai ser tempo perdido!