O carro subia com um barulho monótono, a uma velocidade constante. As curvas, sempre mais apertadas, sucediam-se. A estrada era cada vez mais íngreme e estreita. Nesse fim de tarde, a luz ía desaparecendo lentamente.
E continuava a guiar, como um autómato, indiferente aos precipícios ao lado da estrada, sempre mais estreita e sinuosa. No banco de trás, a criança dormia como um anjo, com uma face rosada de tranquilidade.
Fez-se noite. Os faróis do carro projectavam uma luz espectral que, porém, não conseguia penetrar o nevoeiro que se tinha formado. Só por milagre as rodas do carro se mantinham em cima da tira de asfalto, sempre mais estreita. A estrada parecia suspensa entre duas ravinas profundas.
E continuava a guiar, completamente absorto, como se uma estranha força o impedisse de parar. E a criança continuava a dormir no banco de trás, envolta numa paz doce e inocente.
A estrada era infinita. Não levava a lado algum. Era apenas cada vez mais íngreme e estreita, desafiando a trajectória de um carro guiado por uma força misteriosa.
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