Cliquem no título para aceder a um conjunto de artigos muito interessantes publicados no dia 14 de Janeiro pelo suplemento de Economia do jornal "Le Monde". Debate àcerca da chamada neuroeconomia, ou seja, a tentativa de explicar as decisões dos agentes económicos através do funcionamento de certas àreas do cérebro. Com o desenvolvimento desta disciplina, que tem levado ao crescimento exponencial do número de artigos publicados em revistas científicas, pretende-se, nomeadamente, explicar a importância dos factores emocionais na determinação da chamada "racionalidade" económica. Esta àrea de investigação pode indicar, mais uma vez, que a cientificidade da Economia (disciplina, por natureza, pluridisciplinar) depende das contribuições que lhe são feitas pelas chamadas ciências exactas (matemática, física, neurologia). Por outro lado, insere-se numa tendência geral de des-socialização dos factos sociais. O que as pessoas fazem e pensam em comum seria o produto de considerações fundamentalmente individuais (e biológicas, no caso da neuroeconomia). Os factos sociais e as decisões humanas seriam mensuráveis e previsíveis quase como os fenómenos da Natureza. O homem dependeria mais de um livre-arbítrio (rigorosamente calculável) do que de condicionalismos sociais. Esta conclusão é cara aos adeptos do paradigma neo-liberal dominante e tem mais de ideológico do que de científico.
Eu continuo a pensar que a Economia deve concentrar-se principalmente na explicação das "relações sociais de produção", da maximização de um bem-estar políticamente determinado, da gestão eficaz de recursos escassos, da sustentabilidade dos sistemas ecológicos, tendo em conta o contexto histórico e político. A Economia deve importar e compaginar conhecimentos de outras àreas do conhecimento como a Sociologia, a História, o Direito, a Filosofia, a Matemática, a Engenharia e (porque não?) a Psicologia. A Economia é uma ciência social, não é uma ciência exacta, banalidade dita e redita mas que certos "rocket scientists" teimam em negar.
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