A Russia é grande, tem imensos recursos naturais, uma população numerosa e disciplinada, com boa preparação técnica. A Russia não tem tradição democrática. As pessoas estão habituadas a obedecer e a idolatrar chefes carismáticos. Putin veio reconciliar a Russia com o seu passado imperial depois da crise provocada pela queda dos Sovietes. Putin utilizou o maná da súbida dos preços da energia para melhorar as condições de vida de uma parte significativa da população, apesar da pobreza continuar dramática e da pilhagem da “propriedade colectiva” por um punhado de oligarcas sem escrúpulos que sustentam o poder de Putin. Mas, acho que se passou a uma fase em que esses privilegiados da era Ieltsin dependem mais de Putin do que Putin deles. Os ricos e poderosos têm medo do poder político e policial do novo Czar que já mostrou saber utilizar o aparelho de Estado para os pôr na linha, incluindo através de métodos dignos dos romances policiais mais tenebrosos da Guerra Fria.
Putin não vai deixar a esfera máxima do poder russo. É jovem, determinado, nacionalista, impiedoso. Vai ser o Primeiro-ministro de um Presidente de palha que ele mesmo indigitará como candidato e que o povo votará com grande devoção a Putin.
O homem com cara de urso polar vai consolidar ainda mais o seu poder interno, ressuscitar a máquina militar-industrial do país, recuperar o orgulho nacionalista e, depois, se verá. Há a América que continua, apesar de tudo, muito forte, designadamente, no plano militar. Mas, há os novos poderes, nuclearizados ou para lá andando, incluindo a China, a India e o Paquistão. Durante a Guerra Fria, a paz dependia da impossibilidade de qualquer um dos dois (USA e URSS) ganhar a guerra. Agora a paz talvez dependa da impossibilidade de alguma das várias potências ganhar várias guerras ao mesmo tempo.
Lá que o mundo anda perigoso, lá isso anda... Mas, quando é que não foi assim ?
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