segunda-feira, setembro 10, 2007

Crónica em derrapagem

Ha pessoas que confundem conhecidos com amigos, gente simpática com gente com quem se partilha alguma coisa, cordialidade com intimidade. Há pessoas para quem o mundo é uma espécie de aeroporto: todos de passagem, depressa, falando linguas diversas e exóticas, esperando passagem para outro lado. Sempre outro lado. Sempre de passagem, contactando os semelhantes com a máxima ligeireza e, naturalmente, com a máxima educação. Quase reverência. E depois são muito simpáticas essas pessoas. Educadas. Distantes ou próximas q.b. Há pessoas que passam a vida a dizer "não me comprometa", "respeite o meu espaço que eu respeito o seu"... Que diabo, então haviamos de andar todos aos beijos na boca uns aos outros !

O respeitinho é muito lindo, que a Mariazinha do prédio em frente passa a vida à janela à espera do Principe Encantado (de vez em quando rega as plantas e olha para baixo...) e o avô dela continua a pensar que o Salazar é que tinha razão e que agora é tudo indecente e ninguém respeita coisa alguma e que é preciso voltar aos bons princípios de outros tempos para combater a desvergonha. Cada macaco no seu galho, pois claro !

No outro dia andava eu tranquilo a passear no Jardim da Sereia numa das poucas abertas de sol a que temos tido direito e não é que um filho da puta de um pássaro me cagou em cima. Nem sei que bicho era. Nunca fui muito dado à zoologia. Porra. Agora até os pássaros se vêem no direito de fazer aquilo na careca do mais incauto transeunte ? Sim porque eu sou careca. E depois ? É dos carecas que elas gostam ! Elas ? Quem são elas ? Tragam-mas que eu lhes digo. Ficarei uma espécie de Valentim Loureiro ou coisa assim...

Não há tempos como os de antigamente. Vergonha, recato - isso é que é preciso. Mas, afinal que carago é que as criancinhas andam a fazer na escola ? A aprender a circular nos aeroportos ? A aprender linguas de bárbaros ? A acertar na porta de embarque à primeira e a pedir Gin Tónico à hospedeira delambida de meia prêta com costura ?

Porra ! Tenham vergonha e vão à missa.

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