sexta-feira, agosto 31, 2007

Logistica

Portugal está longe de tudo ou de quase tudo. É um país periférico: para se viajar de qualquer lado do centro da Europa é preciso fazer milhares de quilómetros e atravessar a imensidão do País Basco, de Navarra, Leão, Estremadura ou Castela. A posição geográfica do país é uma desvantagem. Mas, como se costuma dizer, a necessidade é a mãe de todas as invenções e transformar fraquezas em forças é característico dos audazes. Tudo isto para dizer que, da mesma maneira que nos fizémos descobridores no século XV, poderiamos utilizar o nosso conhecimento da distância e do modo de a percorrer para passar a ser especialistas da logística e dos transportes na Europa. A quantidade de camiões TIR que fazem a viagem diariamente entre Portugal e o centro da Europa é simplesmente incrível. O que significa que existem empresas bem implantadas no sector com know-how nos domínios da gestão de frotas, coordenação de trajectos, armazenamento e transferência de mercadorias, harmonização de horários, administração de entrepostos, parcerias com outros operadores de carga, nacionais ou estrangeiros, etc, etc. Portugal poderia ser uma centro de excelência em matéria de transportes e logística tirando partido, talvez paradoxalmente, da sua marginalidade geográfica. E essa competência poderia ser utilizada, não apenas para melhorar e expandir o transporte de e para Portugal, mas também para colocar em prática estratégias de internacionalização, ou seja, de criação de filiais no estrangeiro para penetrar no mercado dos transportes entre países terceiros. Quando falo em transportes falo não apenas no transporte rodoviário que, apesar de seriamente afectado por problemas de poluição, congestionamento e consumo energético, continuará a ser muito importante, mas também noutros meios de transporte: marítimo, aéreo e ferroviário. Este último é um sector decididamente a desenvolver, o que implica mais e melhores infraestruturas, aos níveis nacional e transeuropeu, e também mais e melhores capacidades de gestão dos fluxos. Mas, aqui entro noutras zonas de debate inesgotáveis que incluem, por exemplo, as linhas de alta velocidade e a restruturação da rede ferroviária nacional...

O que queria apenas concluir é que a àrea dos transportes e da logística poderia ser um dos pólos de competitividade da nossa economia, exemplificando a transformação de uma fraqueza (periferia geográfica) numa força. Por pólo de competitividade entendo uma concentração significativa de recursos durante um certo período, com eventual apoio do Estado, num domínio com potencialidades elevadas de criação de riqueza e de retorno financeiro a médio-longo prazo.

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