segunda-feira, julho 23, 2007

Diversos

Na Turquia ganhou Erdogan, um islamista que desafia o establishment laico que tem controlado o governo e as forças armadas e distribuído privilégios a minorias distantes do povo. Talvez seja positivo porque pode demonstrar que o islamismo não é forçosamente sinónimo de ditadura ou de perda de liberdades cívicas. Pode ser uma maneira de civilizar ou educar o islamismo, de o tornar compatível com a democracia e com a defesa dos interesses dos mais desfavorecidos. Naturalmente, é preciso ver no que dá uma religião de Estado, em que medida é que pode derrapar em qualquer coisa de tristemente conhecido noutras paragens… Foi também uma afirmação de soberania : dizer ao Ocidente e à União Europeia que os Turcos não vendem a alma e a História por dez reis de mel coado. Mas, assim sendo, torna-se ainda mais evidente o hiato civilizacional e a dificuldade em concretizar a adesão à União Europeia. Também se poderia dizer que a ponte entre Oriente e Ocidente, entre cristianismo e islamismo seria ainda mais eficaz com a “neutralização”, no quadro da União Europeia, de um país islâmico. Mas, convenhamos, tratar-se-ia de uma estratégia arriscada...

Gosto muito de Itália e de muitos italianos. Mas, conheço poucos italianos que não sejam essencialmente mafiosos. Obviamente, não me refiro a criminosos ou a membros da “cosa nostra” ou de alguma das suas múltiplas ramificações como a N’drangheta calabrese ou a Camorra napolitana. Socialmente e culturalmente os italianos tendem a ser mafiosos. E isso torna-os ainda mais fascinantes e, paradoxalmente, leais… Os italianos são criativos e artistas. E isso também se traduz na maneira como vivem, como se desenrascam e como tramam o parceiro. Frequentemente com um sorriso nos lábios.

Os suicídios no posto de trabalho continuam em França, em empresas como a Renault e a Peugeot. O trabalho é um lugar privilegiado de socialização, onde se obtém uma certa visibilidade, onde o valor de cada um é mais exposto. Um suicídio é uma forma drástica de comunicação, é um grito de mal-estar, cujo eco se prolonga mais num espaço de tipo publico como uma fábrica ou um escritório. Um suicídio é um ataque a si próprio e aos outros, a circunstâncias específicas ou a factores gerais de sofrimento. Mais uma vez, um local de trabalho amplifica a audiência e a eficácia do acto. Particularmente, se se tratar de empresas ou organizações com uma certa projecção mediática, o privado e o público fundem-se para tornar mais difusa e acutilante a mensagem de um suicídio.

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