Segundo Cristo, o Bem deveria ser praticado na Terra para se conquistar o reino dos céus. Praticar o Mal levaria à punição e ao Inferno. Portanto, fazer o Bem seria essencialmente do interesse de cada ser humano. O interesse em salvar a pele e em evitar o castigo divino seria o principal móbil do Bem que, depois, se traduziria também no amor pelos semelhantes. Para Kant o Bem deveria ser praticado... porque sim. O Bem seria um daqueles princípios universais indiscutíveis que se seguem pelo simples motivo de se ser Humano, sem medo de punições, sem expectativa de qualquer recompensa, terrena ou extra-terrena. Para Kant o Bem é uma norma de base, um princípio estruturador, fora do espaço e do tempo que, paradoxalmente, extravasa da Moral.
O altruísmo genuíno pode-se entender na base de dois conceitos: a razão e o lado universal da natureza humana. A razão afasta-nos dos preconceitos, dos impulsos e da vaidade, dá-nos lucidez para compreender que, do egoísmo, em última instância, não resulta o Bem de todos. Do egoísmo só pode resultar a vantagem de alguns na medida em que outros sejam papalvos. Ora, com a razão não há papalvos e sem papalvos o altruísmo é a melhor estratégia para todos. A universalidade da natureza humana leva-nos a colocarmo-nos na pele dos destinatários ou agentes passivos dos nossos actos. Traduz-se nesta coisa muito simples: "Se eu estivesse na pele do outro, como encararia o que estou para lhe fazer?" Isto é: pôr-se na pele do outro, sair de si e do círculo restrito dos próprios interesses e vivências é a melhor demonstração dos benefícios do altruísmo.
Tudo isto veio a propósito de saber se poderia existir uma alternativa ao individualismo desenfreado e à prossecução de interesses puramente pessoais (por mais legítimos que possam ser ou parecer). Isto é: qual é a lógica (e o interesse...) do Bem e do altruísmo?
4 comentários:
É estranho ler isso num blog cordão umbilicalino. E...?
Trata-se somente de um conjunto de reflexões inspiradas pela leitura do livro de Peter Singer "Como Havemos de Viver?"... Julguei ser pertinente, particularmente nos tempos que correm em que se assiste à hipertrofia do "eu" e do "meu interesse"...
PS: interessante a catalogação do blog como "cordão umbilicalino"
:-)
Olha, não me entenda mal: eu gosto dos seus textos e dos da Alice. Só achei paradoxal encontrar reflexões sobre o individualismo, o coletivo e o bem comum num blog que, por definição é um espaço pessoal, individual e auto-reflexivo (mas concedo que não é necessário que assim o seja). Ainda mais com referências ao mestre Kant, aquele cidadão do mundo. De qualquer forma, a atribuição da função cordalumbicalina ao blog é uma mera brincadeira com as palavras.
Saudações.
não tem problema nenhum
seja sempre benvindo
e fico contente por gostar dos nossos textos
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