quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Política à italiana

O governo italiano caiu porque a maioria híbrida que o sustentava não apoiou a sua politica externa no Parlamento. Cá para mim foi apenas um pretexto. Várias facções da coligação andavam a ameaçar, por isto e por aquilo... Prodi já tinha vacilado aquando da votação do orçamento para 2007. Agora apresentou a demissão, mas é provável que o Presidente Giorgio Napolitano apoie a formação de um governo Prodi bis de centro esquerda (talvez ainda mais mesclado de direita e, portanto, com um futuro duvidoso). O "pasticcio" que se sabe e de que os italianos são mestres supremos.

Desde que a democracia cristã e o PCI se desagregaram nos anos 80 para dar origem a uma miríade de partidos que representam clientelas mais ou menos coloridas, os governos de Itália têm vivido ao sabor dos "caprichos" de pequenos e grandes caciques. Os partidos de centro podem passar rapida e inesperadamente do centro-esquerda para o centro-direita e vice-versa. Os partidos regionalistas (como a ultramontana Lega Nord) batem o pé e tornam o governo central refém das suas exigências. Os neo-comunistas procuram tirar o máximo partido da sua contribuição para a maioria parlamentar. E por aí fora...

Mas, afinal, quem governa a Itália? Como é que se compreende que, apesar de tanta instabilidade e no meio de uma proverbial confusão, o país tenha prosperado no pós-guerra? Diz-se agora que o sistema de governação espontânea e de múltiplos centros de poder (aparentes ou camuflados) atingiu o esgotamento. Continuar assim, pode significar o declínio do país e a perda da sua competitividade internacional. De facto, nos últimos anos a economia italiana tem divergido em relação à média da EU-15. Mas, o que não falta aos italianos é a criatividade e a astúcia ("furbizia") para dar a volta por cima.

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