A democracia precisa da contra-democracia para não descambar num totalitarismo legitimado pelos votos ou num sistema de defesa de interesses minoritários, negando a maioria eleitoral.
A democracia é legitimada formalmente através das eleições, mas essa é uma sua condição minimalista, institucional. A democracia precisa, sobretudo, de confiança entre representantes e representados. A contra-democracia consiste no conjunto de mecanismos através dos quais os representados cultivam e controlam essa confiança. A denúncia, a vigilância e o protesto fazem parte desses mecanismos que a sociedade civil inventa e re-inventa.
O problema é que a sociedade civil não é homogénea e os interesses mais poderosos e aguerridos podem monopolizar a contra-democracia, impondo pela pressão, designadamente mediática, os seus interesses parcelares. Assim, a confiança poderá ser minada precisamente pelo processo que se destinava a reforçá-la e o resultado pode ser a desmobilização de amplas camadas da população.
Para saber muito mais àcerca da matéria, ler o último livro de Pierre Rosanvallon, "La contre-democratie".
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