quinta-feira, janeiro 25, 2007

Manel, um gajo porreiro

Se tu soubesses o que penso de ti Manel… És um gajo porreiro, divertido, fanfarrão. Mas – Manel – tens qualquer coisa que me perturba. Aquele olhar dúbio de quem fode o parceiro às escondidas, de quem cobiça o alheio com uma simpatia que se descompõe ao mínimo incidente. Manel: tu até és "nice", esforças-te por dizer sempre aquela frase que dispõe bem e que faz de ti um gajo porreiro. Mas, só um gajo porreiro... E disso anda o mundo farto, não é? Anda-se pela rua, dá-se um pontapé numa pedra e descobre-se, ali mesmo, um gajo porreiro. É pouco de mais ser-se um gajo porreiro. É um bocadito melhor ser-se "boa pessoa", mas não se acrescenta grande coisa aos incómios que enchem os cemitérios. Dizes anedotas com um à-vontade de artista de circo. Às vezes, dou contigo a olhar de soslaio, a não disfarçar o ódio pelo teu semelhante, a franzir a testa como se estivesses farto de fazer de conta que és um gajo porreiro. Ai Manel, Manel, ainda um dia te hei-de dizer o que penso de ti. O que verdadeiramente penso de ti e que, no fundo, nos torna parecidos. Somos quase da mesma estirpe. Sabes Manel: pensar em ti leva-me a olhar para mim com menos respeito ou, se quiseres, com menos prurido... Mas, eu sou um perfeccionista ético. Tenho a mania de ser boa pessoa, mas, ao fim e ao cabo, não sou muito diferente de ti. Tu és um "sacana". Eu talvez seja um "bom malandro" que ousa dizer a verdade a si próprio... e que, portanto, não se engana, nem se conta histórias da carochinha. Sabes Manel: acabaremos amigos, apesar de seres um "sacana". Amigos de verdade, sem o contrabando dos "gajos porreiros", sem ficções de bondade.

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