sábado, janeiro 06, 2007

Breves e sortidas sobre o estado da Nação

O Dakar (que só nós sabemos que é o Lisboa-Dakar) é azeiteiro. A sua relevância mediática por cá (lá fora ninguém fala do evento...) apenas demonstra a falta de coisas de interesse neste princípio de ano insípido e a maneira incolor como se passa horas à frente do ecran a ver as patetices com que meninos ricos se divertem Àfrica abaixo. Aquilo tudo custa uma estupidez de dinheiro que até aleija quem faz a comparação com a pobreza dos sítios por onde passa... Leiam o artigo de Helena Matos na página 5 do "Publico" de hoje: excelente.

No outro dia, estive 2 horas e meia num hospital público para me tirarem umas gotas de sangue e para poder ter o privilégio de mictar para dentro dum frasco de plástico de tampa encarnada. Aquilo funciona solenemente mal e os sacerdotes da burocracia levam tudo tão a sério que até dói. Simplificar a vida aos utentes do sistema nacional de saúde é um acto de inacessível generosidade, que depende do humor com que acordam aquelas senhoras, ali por trás do computador. Na parede ao lado duma dessas dedicadas criaturas de bata branca podia ler-se a seguinte frase: "o maior prazer de um indíviduo inteligente é fazer de conta que é imbecil à frente de um imbecil que faz de conta que é inteligente". Boa... Gostei - particularmente, no contexto.

Os comentários torrenciais e contraditórios ao discurso de ano novo (ou será de fim-de-ano?) de Cavaco evidenciam os enigmas de que se alimenta a política portuguesa, cada vez mais centrada na relação entre o presidente e o primeiro-ministro. O homem criticou ou não criticou? Adivinha-se borrasca? Cavaco está apenas a preparar com devida e prudente antecedência a (sua) vida pós-Socrates? Está a marcar diferenças onde elas não existem para salvar as aparências? Que credibilidade tem pedir resultados no espaço de 1 ano relativamente a putativas reformas em áreas tão pesadas como a justiça, a saúde e o desenvolvimento económico? Como não se cansa de lembrar o despenteado mental Pulido Valente, o problema de Portugal são apenas os portugueses e o governo pode fazer bem pouco por isto...

Abençoada seja a meteorologia neste começo de ano, neste querido país. Apesar das ameaças e de alguns curtos interregnos algo cinzentos e chuvosos, o sol e o frio aí estão a pintar-nos a alma de boas cores. Se olharem os mapas do tempo por essa Europa fora vão ver a sorte que temos. Mar e sol é o que sempre pudemos vender com alguma eficácia.

E por hoje por aqui me fico.

1 comentário:

José Maria Pimentel disse...

Bom...antes toda a gente sabia q era Paris Dakar!