Há pessoas, particularmente de cultura anglo-saxónica e protestantes, que se relacionam com os outros de forma tão aparentemente racional, neutra e eficaz que se chega a duvidar do sítio onde guardam as emoções. Não, não se trata só de boa educação, de requinte ou de respeito pelas outras pessoas. É um recato quase perturbante, uma austeridade estranha, decididamente estranha para um típico latino. Essas criaturas, para além de anglo-saxónicas e protestantes, discretas e putativamente bem-educadas, também são seres humanos e, por conseguinte, têm emoções. Como, quando e onde as exprimem? São vulcões ambulantes com erupção permanentemente adiada? Concentram as emoções num estado de letargia até ao ponto em que só podem explodir de modo violento e inesperado, provocando efeitos colaterais indesejados?
Prefiro a saudável extroversão dos latinos apesar de, frequentemente, ser incomodativa e causar embaraço. De facto, o ideal seria uma mistura equilibrada entre os dois estilos, mas o ideal é inimigo do bom e o que existe são pessoas concretas, não criações "OGM" que conviriam a uma Humanidade supostamente perfeita.
1 comentário:
Tambem ja' reparaste nisso? E' o chamado "suck it up and carry on", sempre de beico erguido.
"wearing your heart on your sleeve" e' quase um sinal de fraqueza. Dai as aparencias e a quantidade absurda de anti-depressivos que esta gente toma.
Tudo para esconder a fraqueza.
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