Edmund Phelps ganhou este ano o Prémio Nobel da Economia. Este economista americano (para não variar...) destacou-se pela sua abordagem da suposta relação inversa entre desemprego e inflação. Desenvolveu, nomeadamente, o conceito de "taxa de desemprego natural", também conhecida como NAIRU ("non-accelerating inflation rate of unemployment"), a qual está associada ao chamado output potencial, isto é, o PIB máximo que uma economia consegue gerar, em termos reais, dada a sua dotação em factores de produção e níveis de produtividade. Todos os esforços da política macro-económica para reduzir a taxa de desemprego abaixo do seu nível "natural" traduzir-se-ão num aumento da inflação, sem impacto positivo sobre o emprego, o que contraria a predição da chamada curva de Philips.
A "taxa de desemprego natural" ou incompressível dever-se-à aos erros das expectativas dos agentes económicos em relação aos preços e salários. Se essas variáveis reagissem de modo perfeito e instantâneo, o salário real de equilibrio de pleno emprego seria atingido. Mesmo num quadro de expectativas racionais (como proposto pelos monetaristas), a falta de sincronia dos movimentos dos preços e dos salários provocaria sempre um atrito no mercado de trabalho gerador de uma "taxa natural de desemprego". Segundo várias estimativas, essa taxa será de cerca de 3-4% nos Estados Unidos.
Phelps também teve o mérito de juntar nas suas análises as dimensões micro e macro-económica, o curto e o longo prazo. Alguns dos conceitos elaborados por Phelps foram igualmente caros aos monetaristas (p. ex°. Friedman e Lucas) para demonstrar os efeitos perniciosos de políticas económicas contrárias às "leis" da economia. Mas Phelps não é um monetarista. Poder-se-ia catalogar de neo-keynesiano.
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