O que se passa no futebol profissional português não deve ser apenas objecto de chacota, mal-dizer, anedotas, desdém, conversas de café, desgostos de circunstância que desaparecem no meio de um sorriso de resignação, como quem diz "eles são assim mesmo, não há nada a fazer". O que se passa é grave e deve ser tomado muito a sério, indo muito para além do circuito intocável do futebol, que beneficia até da etiqueta de "interesse publico", com a qual se justificam derrogações sucessivas ao cumprimento das regras do Estado de Direito. Todos os dias aparecem notícias àcerca de nomeações forjadas e de compras de árbitros, actos descarados de corrupção, arranjos de toda a espécie, tendo como protagonistas sempre os mesmos meliantes e como supremo caudilho um certo Valentim Loureiro, indíviduo que em muitos outros países da Europa já estaria há muito na cadeia, mas que, por cá, parece só dar vontade de rir à opinião publica que se rende às suas acrobacias de cacetada verbal.
Temo que o mundo do futebol seja apenas uma hiperbole de fenómenos de ilegalidade bastante difusos na sociedade portuguesa. E é isso que é preocupante e que deve fazer agir a justiça e os dirigentes do país com rapidez e rigor. E os cidadãos não podem reagir às macacadas mediáticas de trogloditas como o Loureiro ou o João Jardim apenas com gargalhadas estridentes. A impunidade não se pode instalar em troca do "entertainement" nacional.
3 comentários:
mas temo que estamos tão instalados na nossa comodidade individual que já nada surpreende e tudo isto parece um filme que se vê imensas vezes e se adormece ao som dele...
a mais recente novidade prende-se com as conversas telefónicas entre o José Veiga e o Valentão Loureiro, que acho que é por demais flagrante o delito que ali se passa, e no entanto o caso é arquivado... O que me sugere que esta teia de corrupção/influências se estende aos tribunais...
Se não nos predispomos a mexer na merda e nos podres disto tudo sujeitamo-nos certamente a que a merda se alastre a todos...
peço desculpa pela linguagem, mas este caso enoja-me a esse ponto...
não tens que pedir desculpa - é assim mesmo
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