quinta-feira, maio 18, 2006
Mariazinha e o Belo
Mariazinha era pequena e redonda, feia e simpática, tímida e inteligente. Um dia apaixonou-se por um tipo, grande e bonito, rico e forte, parvo e divertido, alegre e optimista. Mariazinha não dormia a pensar no seu amor. Ele nem sequer dava por ela. Tinham-se cruzado no bar da esquina a tomar o café ingrato da manhã. Mariazinha começou a pensar em arranjar um pretexto para lhe cair nos braços (ou melhor, para começar a pensar em cair-lhe nos braços, porque a pressa nunca foi amiga do bem). Então, inventou um chapéu de abas que iria bem ao dito cujo, seu vindouro Romeu de trazer por casa. Um dia, no mesmo café da esquina, enquanto bebiam o dito café ingrato da manhã, inesperadamente, estendeu-lhe o chapéu, para ela, belíssimo, repleto de ternura, para ele, feio e paupérrimo, de um improviso angustiante. A única coisa que foi capaz de fazer foi de lhe deitar para dentro uma moeda de 10 cêntimos. Ela olhou incrédula para dentro do chapéu e mandou-o à merda. E assim acabou o que nunca chegou a ser uma bela história de amor entre antípodas.
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