Concerteza que todos já passaram por aquelas situações em que ouvem uma conversa num local público (no café, no autocarro, na loja, etc.) entre duas pessoas que não conhecem e só vos apetece interromper para dar a vossa visão das coisas...
Muitas vezes ouvimos autênticos disparates e guardamos para nós o impulso de "corrigir" o que estamos a ouvir!
Pois bem, hoje passei por uma situação dessas e foi por muito muito pouco que não me intrometi...
Estou eu a estudar num café e na mesa ao lado sentam-se dois senhores que aparentavam ter entre 60 e 65 anos. Abrem um jornal e começam a comentar as notícias que vão lendo, dando opiniões que me pareceram bastante eloquentes e esclarecidas. Ao virar de uma página, surge uma notícia sobre os acontecimentos recentes em Timor com um mapa do país e das suas imediações. Um deles, observa o mapa e diz:
"A Indonésia é tão populosa e tem tantas ilhas... E Timor fica ali no meio daquilo! Não era melhor que fizesse também parte da Indonésia? É que assim destoa!"
Ao que o outro responde:
"Tem toda a razão...Ainda por cima, dá-se lhes a independência e eles desatam à pancada!"
Perante isto pergunto: Será que fiz bem em estar calada e voltar para o meu estudo?
5 comentários:
Fizeste bem! ás vezes não vale apena...
bem.. essas situações são mesmo incomodativas.. diria mesmo... um verdadeiro dilema... por um lado, não é de bom tom meter o bedelho na conversa do vizinho, que, por mais que se tente não ouvir, é acompanhada na perfeição sem esforços adicionais.. por outro lado, as situações caricatas e os comentários que são feitas levam-nos a uma profunda vontade de esclarecimento, o que, no mínimo, seria desejável...
por vexes nao sei se vale a pena.. as pessoas ficam chateadas, o que confesso ser compreensivel.. outra vezes começa uma conversa interminável com discussões à mistura.. o que não é minimamente saudável..
quanto à questão de Timor e dos comentarios dos senhores.. fiquei espantada!!!!!!
Àcerca da questão subjacente (Timor) devo confessar que me impressiona o que se está a passar. Também porque não consigo perceber bem o que se passa. Luta entre fracções rivais (coisa de que Timor devia estar mais do que cansado, após todas as guerrilhas entre famílias "de bem" que desaguaram no que se sabe)? Revolta de militares que não gostam de se converter em comuns cidadãos da sociedade civil, onde se deve trabalhar para receber um salário? Ingerências estrangeiras ligadas ao petróleo? Problemas étnicos?
É pena que o minúsculo candidato a país que tanta paixão e solidariedade suscitou no nosso país se esteja de novo a transformar num antro de violência e num exemplo de ingovernabilidade.
Eu acho que tudo isto é natural... Não é bom, mas já seria de prever. Um país que ganha independência tem de começar do zero! Tem de se saber organizar, criar estruturas de raíz, criar meios de desenvolvimento interno e boas relações externas. Ora, Timor, a meu ver, só não falhou neste último ponto, estando, ainda a construir-se.Infelizmente, é normal que a mínima falha, ou querela, num país ainda sem estrutura conduza ao que temos vindo a assistir nos últimos dias. Infelizmente, Timor ainda não é independente, pois só o será quando não precisar de apoio externo para resolver os seus assuntos internos.
Mas tenho esperança que, com a mobilização que se tem vindo a verificar a nível de ajuda externa, este problema seja superado e que depois, seja possível Timor ganhar ordem interna.
premonições?
http://fantasticomelga.blogspot.com/2006/01/lot-of-money.html#links
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