quinta-feira, abril 06, 2006

Politique à la française

Depois de semanas de contestações que, de resto, prosseguem, o Presidente da República de França promulga a lei do CPE(*) e, ao mesmo tempo, diz que não é para se aplicar, pelo menos, por enquanto...

Os sindicatos pedem para negociar, não com o governo do Sr Villepin, como seria normal, mas com o partido do governo, UMP, liderado pelo Sr Sarkozy.

O Primeiro-Ministro, Sr Villepin, diz que retirará todas as consequências do que se está a passar, insinuando que poderá demitir-se, defendendo a face e a honra, mas perdendo todas as hipóteses de uma candidatura presidencial e abrindo o caminho ao caro inimigo, "enfant terrible" Nicolas Sarkozy.

Chirac afunda-se cada vez mais numa atroz falta de credibilidade. Nunca a França esteve numa situação tão calamitosa de fim de mandato presidencial. Elevam-se vozes pondo em causa, não apenas os protagonistas do sistema, mas o próprio sistema de instituições da V República, incluindo a sua natureza presidencial e o papel ingrato do Primeiro-Ministro, qual Rambo, ecrã ou objecto sacrificial do Presidente.

"La grandeur de la France"...

(*) CPE ("contrat première embauche"): novo contrato de trabalho com os jovens em situação de primeiro emprego que dá a possibilidade ao empregador de pôr na rua o empregado sem necessidade de justificação, a qualquer momento, durante os primeiros 2 anos de trabalho. Os seus defensores dizem que introduziria maior flexibilidade no mercado de trabalho e removeria alguns obstáculos à criação de empregos jovens pelas empresas. Os antagonistas dizem que é apenas mais um instrumento de precariedade e de ataque aos "acquis sociaux" da França dos "Trente glorieux"

2 comentários:

Joanissima disse...

Excelente post... E inteligente, para variar na blogoesfera... : )

Um beijo

Miguel disse...

Obrigado pelo elogio. Faz sempre bem...