segunda-feira, abril 17, 2006

O Prof. Marcelo

Fico estarrecido com a ligeireza e euforia com que o Prof. Marcelo fala de coisas que não sabe ou que sabe apenas pela rama. Os comentários que fez ontem à noite na RTP1 após o TJ àcerca da política italiana foram de uma pobreza e de uma incorrecção confrangedoras. Lê em diagonal as notícias publicadas por jornais portugueses e permite-se fazer uma "análise" que pode apenas deslumbrar os portugas que se estão nas tintas para o Berlusconi ou que andam justamente distráidos em mini-férias de Páscoa. A política italiana saiu dali como uma telenovela rasca sem fim à vista...

Mas, apesar da instabilidade, da máfia, da fragmentação dos partidos depois da implosão do comunismo e da democracia cristã, apesar da putativa incompetência do Berlusconi e da falta de carisma do Prodi, pese embora a anarquia proverbial do país e a tendência para o improviso e para uma criatividade nem sempre virtuosa, a Itália é só o 8o. país mais industrializado do mundo e tem níveis de bem-estar que em Portugal não serão atingidos nem daqui a 30 anos, a continuarmos com o ritmo de crescimento dos últimos tempos. É preciso conhecer pouco da realidade da Itália para pintar um quadro tão caricatural e pessimista.

Em relação a outros temas como a inauguração de um portentoso casino em Lisboa ou o absentismo dos deputados (não obstante o exagero maniqueista do Prof.) até posso estar de acordo com o homem. Contudo, o Prof. continua com um problema de hiper-actividade e de "enfant terrible" jamais entrado na própria idade da razão. É isso que o torna "dégoutant" e, ao mesmo tempo, tão folclórico no panorama político lusitano.

1 comentário:

Joanissima disse...

E não será disso que o povo gosta? Comentários light, política light, literatura light... Começo a achar que é fácil opinar sobre meia dúzia de coisas desde que se tenha algum carisma (que é inegável no Prof.) e que se leve cinco dígitos de euros por parecer jurídico (que também é inegável no caso do Prof.)...

Seja como for, Miguel, acredito que o Prof. Marcelo não é mais do que um produto fabricado pelo seu próprio público...
E isso, sim, é que é verdadeiramente triste...