quinta-feira, abril 20, 2006

Breves sobre economia global

Segundo as últimas previsões do FMI, o mundo industrializado (UE, América e Japão) crescerá nos próximos 3 anos a taxas entre 1% e 4%, com os EUA na parte alta desse intervalo. As "economias emergentes" (incluindo China, India, Russia) crescerão a taxas entre 5% e 10%, com a China e a India na parte alta do intervalo. Parece que os pobres se tornam menos pobres e os ricos relativamente menos ricos (*). E esse virtuosismo seria essencialmente fruto da economia global. Tudo isso não obstante as ameaças de um aumento sustentado do preço do petróleo, de um défice norte-americano superior a 6% do PIB (financiado pela poupança do Resto do Mundo que também tem sustentado o dolar), da instabilidade política e militar no Médio Oriente, das tensões inflacionistas latentes e consequente tendência ao aumento das taxas de juro.

Nos últimos anos, globalmente, as (grandes) empresas tiveram lucros fabulosos em consequência das "curas de emagrecimento", dos ganhos de produtividade, do dinamismo de novos mercados, sobretudo, externos. Isso tem permitido uma poupança muito elevada que, porém, não tem sido investida prioritariamente em activos físicos, mas sim em activos financeiros. Toda essa liquidez tem alimentado as operações de fusão/acquisição e a alta das Bolsas nos últimos 2 anos, e permitido um nível baixo das taxas de juro, sem inflação. Quando esta "financiarização" dos excedentes acumulados se atenuar e a pressão se transferir para o mercado dos bens e serviços temo que regresse a inflação. O possível desvio de liquidez da compra de títulos de dívida americana pode também ter um impacto sério sobre a economia US, não sendo de excluir um trambolhão do dólar que seria mau para as exportações europeias, mas que poderia aliviar a factura petrolífera... Seja como for e apesar do papel do dólar como moeda de reserva mundial, parece-me difícil que o défice americano possa continuar ao nível actual.

The bumpy ride could be turning upwards again. Hold tight!

(*) sem esquecer os "ricos" dos "países pobres" e os "pobres" dos "países ricos".

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