o ataque é a melhor defesa
contra o alvo (BPI, que poderia ter lançado uma OPA de sentido contrário) e contra os espanhóis (especialmente o Santander e o BBVA, que gostariam de aumentar a sua presença no mercado português através de uma grande aquisição em vez de prosseguir lentamente com o crescimento orgânico - de lembrar que o Santander tem o Totta e o BBVA tem uma rede própria que comprou ao Lloyds por volta de 1990); fala-se igualmente do Barclays: também nesse caso seria uma opção pela expansão por take-over em vez de crescimento gradual da rede existente; esses bancos são potenciais promotores de OPAs concorrentes...
cost-cutting
o principal factor de "criação de valor" numa tal fusão será a redução de custos, eliminando actividades que se sobrepõem, racionalizando certos sectores para beneficiar de economias de escala; em linguagem do comum dos mortais: se fosse trabalhador das entidades envolvidas, particularmente nas áreas administrativas e de back-office, estaria preocupado àcerca da perenidade do meu posto de trabalho; outra das sinergias seria aumentar mais do que proporcionalmente as receitas; mas, os bancos assemelham-se muito em termos de carteira de produtos e de presença geográfica; por isso o cross-selling não gerará receitas adicionais consideráveis
estratégia - qual estratégia?
esta iniciativa representa uma novidade radical na estratégia do BCP que defendia a expansão internacional, designadamente no leste europeu; perderam há pouco tempo (para um banco austríaco) a possibilidade de comprar um dos maiores bancos comerciais da Roménia; quanto ao BPI não tinha uma estratégia clara, exceptuando a intenção de se desenvolver ainda mais em Angola; o BPI estava já há algum tempo numa posição vulnerável, de alvo potencial de predadores, em especial depois do fracasso da fusão com o Espirito Santo
o Portugal da grande finança reage
considero estes movimentos (Sonae/PT e BCP/BPI) positivos para afirmar as grandes empresas portuguesas no panorama internacional e para aumentar a barreira à tomada de controlo por grupos estrangeiros; uma pequena economia aberta como a nossa precisa de adoptar estratégias para limitar as desvantagens da escala reduzida, para criar massa crítica para investir também no exterior; é preciso que às operações puramente financeiras se sigam projectos de desenvolvimento económico
o papel do Estado
na OPA BCP/BPI o Estado tem relativamente pouco a dizer, a não ser na área da política de concorrência; mas, não me parece que as quotas de mercado da entidade resultante da fusão configurem uma "posição dominante"; por outro lado, o Estado não é accionista de peso em nenhuma das empresas (a CGD participa no capital de ambas mas, que eu saiba, com % reduzidas e sem direitos especiais); quer o BPI quer o BCP são bancos genuinamente privados, com o capital razoavelmente disperso, que resultam da liberalização do sector nos anos 80; à sua frente encontram-se gestores relativamente jovens, pertencentes à segunda vaga de uma élite financeira com "boas ligações" nos planos interno e externo
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