Os emigrantes portugueses são tratados como merda na Holanda, são vítimas de redes de esclavagismo no País Basco, são expulsos à pressa do Canadá, como se fossem criminosos da pior estirpe. E as autoridades consulares nesses países fazem bem pouco para ajudar esses miseráveis, vítimas do país em que nasceram, deles mesmos e da falta de escrúpulos do dinheiro apátrida. Até quando este maldito fado, esta equiparação a sub-gente?
Outros países que forneceram durante muitos anos tantos emigrantes, como a Espanha ou a Itália, passaram a uma fase superior na sua relação com o mercado de trabalho mundial. Não encontramos nacionais desses países envolvidos em tristes histórias como aquelas que todas as semanas nos são contadas pelo nosso querido telejornal. O problema obviamente está cá dentro, é fruto da estagnação económica e social dos últimos 10 anos, que continua a empurrar gente com um baixo nível de instrução e de qualificações para os braços de redes de emigração clandestina que tratam pessoas pior do que gado ou máquinas.
E a diplomacia portuguesa, asfixiada pelos cortes orçamentais, pela incompetência e pelo rentismo parasita dos respectivos funcionários, parece não fazer nada para defender os interesses de gente vulnerável que sofre da impiedade nacional e internacional.
Cada portuga que é tratado como um animal, que é desprezado como se fosse sub-humano, é um atentado à nossa dignidade nacional. A resolução das raízes do problema é estrutural e passa, em ultima instância, pelo desenvolvimento do país, mas é necessário, no curto prazo, geri-lo de forma a mitigar os custos humanos e a salvaguardar a imagem do país no exterior.
Sem comentários:
Enviar um comentário