Desconfio das pessoas que se dizem de lado nenhum, cidadãos do mundo e de nenhuma parte, entidades globais que se movem como um véu por cima de outras pessoas, de línguas, países e culturas, sem aderir a coisa alguma, mantendo uma neutralidade militante, de facto, a única militância de que são capazes... para além da dos seus anónimos e assépticos interesses imediatos e mesquimhos. São pessoas planas e ubíquas como o dinheiro que lhes dá os irrisórios prazeres de que se preenche a sua pobre "perenidade" ao cimo da terra. Pessoas maleáveis e flexíveis como a plasticina que se adapta às mais rugosas superfícies, pessoas que desdenham os valores e a moral, que os consideram expressões de uma ingenuidade local, incompatível com a onda imparável da globalização.
Prefiro as pessoas com a cabeça aberta ao mundo, curiosas do que se passa para além da esquina da sua cidade, que relativizam a dimensão dos seus movimentos, que vêem o mundo como uma fonte de sabedoria e de liberdade e de oportunidades, mas que não perdem o norte, a Pátria, a lingua, o coração, o cheiro, a côr e o sabor da infância. Pessoas com raízes (de que se orgulham) e que constituem o código de leitura original do tanto que há a aprender por aí fora. Uma pessoa sem raízes... abana, seca, cai, definha, perde-se no anonimato e no cinismo do mundo pós-moderno que perdeu a alma e que se alimenta de ilusões consumistas. E o consumismo mais desenfreado e hediondo é o de outras pessoas...
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