
Era um autêntico "Manager" dos investimentos da Santa Sé que incluiam acções cotadas na Bolsa de Wall Street e o financiamento do sindicato polaco "Solidarnosc" de Lech Walesa. Mantinha estreitas relações com figuras de destaque da finança internacional. A partir de certa altura, o banco central de Itália começou a investigar as actividades crescentemente arriscadas do IOR, as quais tinham sido inspiradas por um tal Michele Sindona, radicado em Nova Iorque e membro do círculo mafioso italo-americano. Sindona colocou Marcinkus em contacto com Roberto Calvi, Presidente do Banco Ambrosiano; ambos fundaram em 1971 o Cisalpine Overseas Bank no paraíso fiscal das Bahamas.
O IOR funcionou durante vários anos em perfeita sintonia com as múltiplas operações de Calvi, incluindo o controlo da Rizzoli-Corriere della Sera (para evitar a entrada do Partido Comunista Italiano, em ascenção eleitoral, naquele grupo de media), o financiamento de numerosas associações político-religiosas em todo o mundo e a criação de várias entidades bancárias na América do Sul para impedir o avanço do marxismo naquele continente (segundo as palavras do próprio Calvi).
Calvi e o Banco Ambrosiano situavam-se no cruzamento de obscuras influências católicas e maçónicas. Em 1982, Calvi apareceu morto debaixo de uma ponte em Londres; as circunstâncias da sua morte nunca foram esclarecidas, permanecendo a tese do suicídio por demonstrar. Antes de morrer, desesperado perante o colapso iminente do "seu" Banco Ambrosiano, Calvi escreveu a João Paulo II, denunciando Marcinkus como membro de uma putativa ala massónico-curial e pedindo que fosse a Opus Dei a gerir o Banco, após injecção pelo Vaticano de qualquer coisa como 1200 milhões de dólares.
O Banco Ambrosiano acabou por falir. Com o beneplácito papal, Marcinkus sobreviveu a tudo isso, mantendo-se como chefe do IOR até 1989. Desde então, as finanças do Vaticano mudaram consideravelmente, com a Opus Dei a suplantar a igreja norte-americana na gestão do IOR, o qual permanece uma instituição financeira à parte: o banco da igreja católica, usufruindo de regalias e imunidades "sui generis".
Monsenhor Marcinkus acabou os seus dias numa casa de repouso para idosos no Arizona. Numa das suas raras entrevistas perguntava e respondia, ao mesmo tempo, da seguinte forma: "Pode viver-se neste mundo sem se preocupar com o dinheiro? Não, não se pode dirigir a Igreja com Avé Marias."
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