Certos portugueses...

Os grandes problemas de Portugal não são o governo, os lobbies, a incompetência, o oportunismo, a falta de educação, o clientelismo, a ausência de civismo, o baixo nível cultural, a falta de qualificações, os interesses instalados (que legitimamente se defendem de ataques insidiosos), a tacanhez mental, o salazarismo, o cavaquismo, o guterrismo, a ruralidade persistente, o novo-riquismo, o consumismo, a cultura da aparência, a concorrência desenfreada por coisas que não valem a pena, a inveja, a saudade, a tristeza congénita, o tamanho dos telejornais, a Manuela Moura Guedes, o Santana Lopes, o Herman José, o Marco Paulo, o vira do Minho e o fandango, o queijo Limianos, a Fátima Felgueiras, a irmá Lúcia, o Figo, o Pinto da Costa, o Valentim Loureiro, a ponte de Entre-os-Rios, o Procurador Geral da Républica, o António Vitorino, o Paulo Portas, o Preço Certo, o Durão Barroso, o Francisco Louçã, o Arnaldo Matos, o Millenium BCP, o Espírito Santo, a Sonae, os hipermercados, as telenovelas da TVI, os canalizadores e electricistas que não sabem ler nem escrever e que tomam duche uma vez por semana, os buracos das estradas, as brigadas de trânsito que se vendem por dez reis de mel coado, o Benfica que não ganha, o Sporting que depende demais do Liedson, os bairros da lata, a droga, os prêtos, os russos e os ucranianos, o buraco da segurança social, a taxa de natalidade, a lei das rendas, os carros de luxo que doem de tão escandalosos, o crédito mal parado, o preço das casas que continua pelas horas da amargura, o papel do jornal Expresso que só peca por ser tão duro (senão servia às mil maravilhas para limpar o cú), o frango de churrasco, a sardinha assada e o bacalhau com batatas a murro, as tabernas a pingarem gordura, os cafés a cheirar a peixe frito misturado com sulfato peúga e perfume de sovaco, a escarreta orgulhosamente lançada a 3 metros de distância em plena Avenida da Liberdade.

Nada disso !

Os grandes problemas de Portugal são, apenas, por muito que nos custe, os PORTUGUESES (*) !

(*) Ou melhor: certos portugueses...